"O maior vencedor na história da Champions League é o ponta-esquerda Francisco 'Paco' Gento: seis vezes. Lenda viva do Real Madrid (tem 84 anos), esteve nos elencos campeões de 1956 a 1960 e em 1966. Atuou como titular em todas as finais, marcou um gol em duas delas [1957 e 1958] e em 1966 foi o capitão da equipe."
Desse modo eu, então enviado da Folha à Ucrânia, terminei um texto escrito no dia 26 de maio de 2018, data da decisão da Liga dos Campeões da Europa entre Real Madrid e Liverpool, em Kiev.
A partida acabou com vitória por 3 a 1 do clube madrileno, que conquistava seu 13º título na competição fundada em 1955 e cuja edição inaugural terminou em 1956.
Gento esteve em quase metade dessas conquistas.
Para faturar o hexacampeonato na Champions, ele e seus companheiros superaram nas decisões o francês Stade Reims (duas vezes), os italianos Fiorentina e Milan, o alemão Eintracht Frankfurt e o iugoslavo Partizan Belgrado.
Considerado um dos melhores jogadores da história do Real, ele morreu nesta terça-feira (18), aos 88 anos, enquanto dormia.
"O Real Madrid deseja expressar suas condolências e seu amor e carinho à sua esposa Mari Luz, seus filhos, Francisco e Julio, suas netas, Aitana e Candela, e a todos os seus parentes, colegas e entes queridos. Ele será sempre lembrado pelos madridistas e por todos os fãs de futebol como um dos maiores", escreveu o clube em comunicado.
Apesar de não ser um dos maiores na altura (alguns sites citam 1,68 m, outros, 1,71 m), Gento foi, sim, um gigante em campo.
Defendeu o Real de 1953 a 1971 e ganhou também, além de seis Ligas dos Campeões, 12 Campeonatos Espanhóis, duas Copas do Rei e uma Copa Intercontinental, entre outros títulos.
Fez com a camisa merengue 182 gols e é o oitavo maior goleador do clube, em lista liderada por Cristiano Ronaldo e que inclui Raúl, Di Stéfano, Benzema e Puskás.
Além disso, sendo o futebolista que mais ganhou a Champions League, iguala-se a ninguém menos que Pelé como o mais laureado em uma competição gloriosa, possivelmente a mais cobiçada entre os torneios interclubes.
O rei do futebol triunfou três vezes na Copa do Mundo com a seleção brasileira (1958, 1962 e 1970). Só Pelé é tricampeão como atleta.
Gento defendeu a seleção espanhola 43 vezes, de 1955 a 1969, e esteve nos Mundiais do Chile (1962) e da Inglaterra (1966).
Não pôde duelar com Pelé em 1962 porque o camisa 10 do Brasil não atuou diante da Espanha –nem em nenhum jogo mais da Copa depois desse– devido a uma lesão no confronto anterior, contra a Tchecoslováquia.
Pelé, contudo, lembrou-se de Gento e prestou sua homenagem ao espanhol em postagem no Instagram.
"Paco Gento é mais um gênio do futebol que se despede de nós. O maior campeão europeu até hoje. Eu ainda era um menino quando enfrentamos ele [sic] e outras lendas do Real Madrid, no Santiago Bernabéu, em uma excursão pela Europa", escreveu.
"Memórias de muita saudade e de paixão ao futebol, que ficam ainda mais vivas no dia de hoje. Deixo aqui os meus sentimentos de carinho a todos os amigos e familiares."
Pelé tinha 18 anos no dia 17 de junho de 1959, quando Real Madrid e Santos disputaram um amistoso no estádio da equipe espanhola.
A equipe paulista perdeu de 5 a 3. Pelé fez o primeiro gol do jogo, e Gento, o último.
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