O Mundo É uma Bola

O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro

Manchester City ou Liverpool, quem tem o melhor time?

Clubes de técnicos e jogadores badalados farão confrontos decisivos no Campeonato Inglês e na Copa da Inglaterra

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Montagem mostra o egípcio Mohamed Salah, atacante do Liverpool, e o belga Kevin de Bruyne, meia do Manchester City; os dois estão com as mãos juntas, em posição de aplauso

O egípcio Mohamed Salah, atacante do Liverpool, e o belga Kevin de Bruyne, meia do Manchester City Lindsey Parnaby e Glyn Kirk/AFP

Quem não gosta de ver o Manchester City, de Pep Guardiola (no clube desde 2016), atual campeão inglês e vice europeu, jogar?

E quem não gosta de ver o Liverpool, de Jürgen Klopp (no clube desde 2015), campeão inglês na temporada anterior e campeão europeu em 2019?

O City ama controlar a posse de bola, bem ao estilo de seu treinador, que implantara com êxito essa tática no Barcelona (o famoso tiki-taka) e no Bayern de Munique, e dar o bote na hora certa, quando o rival abre uma brecha na defesa.

O belga De Bruyne, o ritmista que certamente Tite gostaria que fosse brasileiro, personifica esse controle do jogo do conjunto que veste azul-claro.

O time de uniforme vermelho, apelidado Reds, é mais agudo. Velocidade é com o Liverpool, dono de um dos contra-ataques mais rápidos da atualidade.

Salah e Mané são "sprinters" e muito habilidosos, especialmente o egípcio, e a contratação do colombiano Luis Díaz (ex-Porto), outro que corre desenfreadamente e incessantemente, amplificou o leque de opções ofensivas de qualidade.

O colombiano Luis Díaz abraça Diogo Jota depois de o português, seu companheiro de ataque no Liverpool, fazer um gol contra o Arsenal no Campeonato Inglês; os dois usam uniforme amarelo, e Díaz está de luvas pretas
O colombiano Luis Díaz abraça Diogo Jota depois de o português, seu companheiro de ataque no Liverpool, fazer um gol contra o Arsenal no Campeonato Inglês - Ian Kington - 16.mar.2022/AFP

Pois melhor que ver as partidas de City e Liverpool isoladamente é vê-los duelarem, preferencialmente em embates decisivos. E o mês de abril proporcionará dois desses confrontos.

O primeiro, no dia 10 (domingo), pode valer a liderança do Inglês.

O campeonato, até bem pouco tempo atrás, parecia nas mãos da equipe de Guardiola, só que uma derrota (Tottenham) e dois empates (Southampton e Crystal Palace) permitiram que o Liverpool, que acumula nove vitórias seguidas, grudasse.

A diferença é de um mísero ponto, e antes do encontro, que será em Manchester, o City visita o Burnley e o Liverpool recebe o Watford, adversários que não assustam. Faltam nove rodadas para o final.

A segunda partida será no dia 16 (sábado), em campo neutro (Wembley), e é eliminatória.

O ganhador avança à final da Copa da Inglaterra, que o Liverpool quer muito, já que não ergue esse troféu desde 2006. O título mais recente do City foi em 2019.

Com a rivalidade crescente, e em vias de ser apreciada duas vezes na prática, uma pergunta interessante a ser respondida é: tem favorito? De bate-pronto, a resposta é: não.

Só que é possível, em um exercício de comparação, sem levar em conta o coletivo dos times (equivalem-se, é excelente dos dois lados), comparar jogador com jogador, posição por posição, e definir quem é superior, mesmo que, talvez, por pequena margem.

Montagem mostra o espanhol Pep Guardiola, treinador do Manchester City, e o alemão Jürgen Klopp, técnico do Liverpool; ambos estão em partidas de suas equipes e gritam para orientar os jogadores
O espanhol Pep Guardiola, 51, treinador do Manchester City (no alto) e o alemão Jürgen Klopp, 54, técnico do Liverpool - Glyn Kirk/AFP e Peter Powell/Reuters

Isso é o que farei a seguir, com o atleta do Liverpool à esquerda e o do City à direita. Entre parênteses, a nacionalidade e a idade de cada um.

Goleiro - Alisson (Brasil, 27) x Ederson (Brasil, 28)

O primeiro é o titular da seleção brasileira, e o segundo, seu reserva imediato. Apesar de Ederson jogar melhor com os pés, Alisson oferece um pouco mais de segurança entre as traves, e esse é o item primordial para um goleiro. Alisson leva vantagem.

Lateral direito - Alexander-Arnold (Inglaterra, 26) x Walker (Inglaterra, 31)

Alexander-Arnold é, a meu ver, o melhor da posição no mundo. Não é um supermarcador, porém seu apoio é fantástico. Cruza muito bem, faz tabelas, triangulações, entende-se muito bem com Salah e ainda é um exímio batedor de faltas e escanteios. Walker é mediano perto dele, e não está em boa fase, tanto que Guardiola tem às vezes improvisado o zagueiro Stones ali. Alexander-Arnold, fácil.

Zagueiro central - Matip (Camarões, 30) x Rubén Dias (Portugal, 24)

Rubén Dias, que quando no Benfica era um zagueiro de médio para bom, além de levar muitos cartões, tornou-se uma referência na defesa do Manchester City. Posiciona-se muito bem, erra pouco, é titular absoluto, no clube e na seleção. O já trintão Matip sofre há tempos com problemas físicos, e Klopp o tem revezado com o Konaté, reforço pata a temporada. Rubén Dias, fácil.

Quarto-zagueiro - Van Dijk (Holanda, 30) x Laporte (Espanha, 27)

Se Alexander-Arnold está no topo na lateral direita, entre os zagueiros Van Dijk é considerado unanimidade. Alto, forte, excelente cabeceador (perigosíssimo nos escanteios), faz pouquíssimas faltas e não lembro de quando cometeu um erro, leve que seja. É top entre os tops. O canhoto Laporte, nascido na França e com cidadania espanhola, é muito bom também, inclusive nas jogadas ofensivas, mas na comparação com o holandês fica prejudicado. Van Dijk.

Lateral esquerdo - Robertson (Escócia, 28) x João Cancelo (Portugal, 27)

Quisera eu que meu time tivesse um, qualquer um deles, na posição. O canhoto Robertson é ótimo tanto na marcação como no apoio; o destro Cancelo, idem. Robertson cruza muito bem; Cancelo, idem. Roberton é incansável, vai e volta o jogo todo; Cancelo, idem. A diferença em prol do português, que progrediu muito em relação ao tempo em que defendia a Juventus, é que ainda joga pelo lado direito, se necessário –é inclusive sua posição de origem. Por ter essa versatilidade, Cancelo ganha, por margem mínima.

De joelhos no campo, o lateral português João Cancelo festeja gol em jogo contra o Newcastle; ele usa uniforme azul-claro
O lateral português João Cancelo festeja gol em jogo contra o Newcastle; ele é um dos destaques do Manchester City nesta temporada - Lee Smith - 19.dez.2021/Reuters

Volante - Fabinho (Brasil, 28) x Rodri (Espanha, 25)

Outro duelo parelho. Ex-lateral direito, Fabinho é muito bom na contenção, assim como Rodri, uma espécie de Busquets (Barcelona) mais jovem. Ambos também fazem suas incursões ofensivas, tendo Fabinho anotado quatro gols até aqui na Premier League, e Rodri, três. Rodri tem um melhor percentual de acerto nos passes (91% contra 87%), e esse quesito (um passe mal dado na defesa pode definir uma partida) é o que me faz escolher Rodri.

Volante/meia - Henderson (Inglaterra, 31) x Gundogan (Alemanha, 31)

Os dois, quando em campo, são os capitães de suas equipes (Gundogan porque Fernandinho tem jogado muito pouco), ou seja, têm importante papel de liderança. Henderson personifica esse líder. Fala bastante com os companheiros, incentiva, cobra. O alemão é bem mais contido. No estilo de jogo, o atleta do Liverpool é mais marcador; o do City aparece bem mais na área rival e já soma cinco gols no Inglês, contra dois do inglês. Por esse diferencial, opto por Gundogan.

Meia/volante - Keita (Guiné, 27) x De Bruyne (Bélgica, 30)

Neste caso, a comparação é muito desigual, já que as características são bem distintas. Keita, no esquema de Klopp, é um terceiro volante. Marcador, assim como Fabinho e Henderson (ou Thiago Alcántara), ele carrega o piano para dar liberdade de avanço aos laterais Alexandrer-Arnold e Robertson. De Bruyne é um maestro, o meia que qualquer um deseja no time, o melhor na função atualmente. Tem visão de jogo, seus lançamentos e cruzamentos são de qualidade (não raro dá assistências), erra pouquíssimos passes, finaliza muito bem com os dois pés (e de fora da área!), é competente na bola parada. Enfim, faz o jogo fluir. De Bruyne, com sobras.

Atacante - Salah (Egito, 29) x Mahrez (Argélia, 31)

Confronto de dois canhotos que jogam pela ponta direita. Se o oponente fosse qualquer um que não Salah, Mahrez, pelo excelente futebol (tem técnica, objetividade, dribla muito bem no um contra um, possui boa finalização), possivelmente ganharia. A questão é que o egípcio é hoje, junto com Lewandowski (Bayern de Munique), o melhor jogador do mundo. Melhor que Messi, melhor que Cristiano Ronaldo, melhor que Mbappé. É sempre empolgante vê-lo jogar. Além disso, Mahrez nem sempre é titular, já que disputa posição com o português Bernardo Silva (também canhoto). Salah.

Atacante - Jota (Portugal, 25) x Foden (Inglaterra, 21)

Os dois têm atuado improvisados de centroavante, apesar de originalmente serem um segundo atacante (Jota) e um meia ofensivo (Foden). E os dois o fazem muito bem. Impressiona como Foden, ainda muito jovem, tem a confiança de Guardiola para jogar ali, tanto que Gabriel Jesus está na reserva, e o jogar ali não significa ficar ali (na "centroavância"), mas estar ali quando necessário para finalizar. Jota, quando em condições de jogo (lesiona-se com certa frequência), tem tido a preferência de Klopp na concorrência com Luis Díaz e Roberto Firmino. Foden leva por pequena margem.

Atacante - Mané (Senegal, 29) x Sterling (Inglaterra, 27)

Se Mané é uma unanimidade por ali no Liverpool, o lado esquerdo do ataque tem dado alguma dor de cabeça a Guardiola no City. O titular seria Grealish, contratado do Aston Villa pela fábula de £ 100 milhões (R$ 652,5 milhões no câmbio atual), só que ele simplesmente não rendeu. Aí a opção foi voltar com Sterling, que não vinha rendendo, mas começou a render de novo. Mané e Sterling destacam-se pela velocidade e facilidade em driblar seus marcadores – e também pela quantidade de gols desperdiçados. São muito parecidos, e a opção é por Mané por ter mais regularidade.

Sadio Mané, do Liverpool, observa o colega de ataque, o egipcio Mohamed Salah, que veste a camisa 11, depois de gol do senegalês diante do Chelsea na Premier League; o uniforme dos dois é vermelho
Sadio Mané, do Liverpool, observa o colega de ataque Mohamed Salah depois de gol do senegalês diante do Chelsea na Premier League - Peter Cziborra - 2.jan.2022/Reuters

Quanto deu? Liverpool 5 x 6 Manchester City.

Um placar apertado, com diferença mínima para um dos lados. O que só amplia a expectativa por ver os duelos entre esses dois grandes clubes no mês vindouro.

Programe-se. Reserve as datas, confira quem exibirá os jogos, escolha o lugar para assistir; se for em casa, separe os comes e os bebes para acompanhar. Chame os amigos.

Valerá a pena. Bom futebol, com grandes personagens envolvidos, sempre vale.

*

Em tempo: Quem leva vantagem nos jogos já realizados entre o Manchester City de Guardiola e o Liverpool de Klopp? Desde 2016, são 15 os encontros. O Liverpool ganhou seis, o City, quatro, restando cinco empates. Em um desses empates, contudo, Guardiola ficou com a taça, ao triunfar nos pênaltis na Supercopa da Inglaterra, em 2019. A maior goleada do Liverpool? 3 a 0, na Champions League, em 2018. O City aplicou um 5 a 0 (Campeonato Inglês, em 2017) e um 4 a 0 (também pelo Inglês, em 2020).

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