O Mundo É uma Bola

O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro

Brasil joga para tirar da Croácia o título de campeão mundial linear

Seleção europeia defende na Copa o cinturão do Campeonato Mundial Não Oficial de Futebol, perdido pelo Brasil em 2015

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Na metade de 2018, pouco antes da decisão da Copa do Mundo entre França e Croácia, em Moscou, escrevi um texto com este enunciado: "Final da Copa decidirá também o campeão mundial linear".

Mais de uma pessoa veio me dizer que não entendeu bem o conteúdo, do que se tratava aquilo, que história era aquela, mesmo eu tendo achado que as explicações estavam claras para serem assimiladas.

Pelo visto, não foi suficiente, e a pior coisa que existe para o jornalista é não ser compreendido. O leitor pode achar o texto bom ou ruim. Porém, se ele não entende, o jornalista fracassou.

Então vou para a segunda tentativa, já que de novo uma Copa traz o assunto à tona.

Em montagem com duas fotos, o croata Modric festeja com os braços erguidos e as mãos fechadas e o brasileiro Neymar exibe com as mãos o escudo da seleção, no peito da camisa amarela
O croata Modric e o brasileiro Neymar duelarão no Qatar na partida que vale o título de campeão mundial linear do futebol - Gabriel Bouys e Oss Andersen/AFP

Brasil x Croácia, nesta sexta-feira (9), além de definir um dos classificados para as semifinais da Copa do Qatar, é jogo valendo um título, o de campeão mundial linear. Os brasileiros são os desafiantes nessa partida, e os croatas, os detentores da taça.

O campeão mundial linear, no futebol, é aquele que, seguindo uma linha do tempo, terá ganho a mais recente final do UFWC (Unofficial Football World Championships), o Campeonato Mundial Não Oficial de Futebol.

Nesse campeonato, todo jogo é uma final. A final, aliás, é em si o campeonato, já que todo jogo vale o título.

Isso acontece desde a primeira partida da história do futebol que terminou com um vencedor: Inglaterra 4 x 2 Escócia, no dia 8 de março de 1873, em Londres.

A partir daí, cada vez que o campeão entrasse em campo defenderia seu "cinturão", em similaridade ao boxe (cujo campeão linear entre os pesos pesados é o ucraniano Oleksander Usyk).

Empate? O título permanece com quem já é dono do cinturão. A outra seleção só se torna campeã se derrotar a atual campeã.

E esse cinturão vai mudando de seleção com o passar do tempo. Quem ganha do campeão fica com ele e o mantém até ser derrotado.

O grande desafio, mais até do que obter o título, é permanecer com ele pelo maior número de partidas, ter sucesso por muito tempo na defesa do cinturão.

No Mundial da Rússia, a Croácia chegou à decisão como campeã do UFWC, título que ganhara da Dinamarca nas oitavas de final. Vencedora, a França assumiu o posto de campeã mundial linear, ficando com ele por quatro meses.

Ainda está difícil de entender?

De forma simples, é assim: o atual campeão mundial linear (Croácia), para chegar ao posto, ganhou da Dinamarca (em junho), que tinha ganhado da França (uma semana antes), que tinha ganhado da Espanha (em outubro de 2021), que tinha ganhado da Itália (quatro dias antes)... e assim por diante, até se chegar lá atrás, em 1873, no primeiro detentor do título, a Inglaterra.

Depois de superar a Dinamarca seis meses atrás para se tornar campeã linear, a Croácia defendeu seu cinturão com sucesso em oito "lutas", permanecendo com ele diante de França, Dinamarca, Áustria, Arábia Saudita, Marrocos, Canadá, Bélgica e Japão –os quatro últimos duelos, já na Copa do Mundo.

O Brasil, por seu lado, tentará voltar a ser campeão do UFWC depois de mais de sete anos.

Em junho de 2015, na segunda era Dunga, a seleção brasileira perdeu por 1 a 0 da Colômbia na Copa América do Chile, perdendo também o título mundial linear. Dos jogadores que atuaram naquela "decisão", Neymar, Thiago Silva e Daniel Alves estão agora no Qatar.

Na Copa América de 2015, no Chile, Neymar, com a camisa azul da seleção brasileira, observa, em tom de confronto, os colombianos Mejia, que tem o número 15 às costas, e Murillo, que tem o número 22 às costas
Neymar (de azul) discute com colombianos na derrota na Copa América de 2015, em Santiago (Chile), que tirou do Brasil o cinturão de campeão linear - Nelson Almeida - 17.jun.2015/AFP

À época, o Brasil tinha defendido com êxito em oito ocasiões o cinturão do UFWC, conquistado em 2014 com vitória por 2 a 0 sobre a Argentina na China, diante de mais de 50 mil pessoas, no Superclássico das Américas. Os dois gols foram de Diego Tardelli.

A página do UFWC na internet coloca a Escócia como o país mais bem-sucedido em seu ranking, com 86 vitórias em 149 disputas.

O Brasil, campeão pela primeira vez em 1952, está na sétima posição, com 38 vitórias em 71 finais, atrás de Escócia, Inglaterra, Argentina, Holanda, Itália e Rússia. Completam o top 10 França, Alemanha e Suécia. A Croácia ocupa a 23ª colocação na lista de 49 nações.

O combate entre Brasil e Croácia, na arena Cidade da Educação, em Doha, será o de número 1.005 na história do UFWC.

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