Políticas e Justiça

Editado por Michael França, escrito por acadêmicos, gestores e formadores de opinião

Políticas e Justiça - Michael França
Michael França
Descrição de chapéu Vida Pública

O futuro e as construções coletivas necessárias

Para pensar no futuro não devemos fugir das construções coletivas necessárias

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Ingrid Camargo

É bacharel em relações internacionais pela Universidade Federal Fluminense, especialista em artes, cultura e educação pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro e gerente de projetos da Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento

Legado. Ao longo da nossa jornada profissional e ou pessoal, nossos planejamentos estratégicos estão quase sempre voltados para realizações distantes. Caminhando ao lado do nosso interesse por todas as ações a serem desenvolvidas no futuro, para muitos, conscientemente ou não, busca-se deixar heranças dessas ações para as próximas gerações.

E quantos desses objetivos traçados são pensados para serem realizados coletivamente entre nós mesmos e os outros? Ao nos descolarmos da experiência compartilhada, comprometemos a efetividade de realização desses planejamentos.

Ingrid é uma mulher negra de cabelos crespos pretos na altura dos ombros e olhos escuros. Ela veste uma blusa preta  de mangas curtas e gola V
É bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal Fluminense, especialista em artes, cultura e educação pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro e gerente de projetos da Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento - Divulgação

Hoje, nossas atenções podem se voltar para a realidade de crianças e jovens no Brasil, grupo que está diretamente ligado ao futuro ao qual estamos construindo, o qual lida com dilemas educacionais e sociais diariamente.

De acordo com os dados do Índice de Indicadores Sociais do IBGE publicado em 2023, 10,9 milhões de jovens entre 15 e 29 anos não estudam e não estão ocupados. Deste grupo, 14,8% eram extremamente pobres e 61,2% eram pobres vivendo abaixo de US$ 2,15 (R$ 10,98, na cotação atual) e US$ 6,85 (R$34,97, na cotação atual) respectivamente por dia.

Quando analisamos a amostra desses jovens, os dados nos trazem ainda outra preocupação referente ao sexo e cor ou raça. As mulheres pretas e pardas representaram 43,3% de jovens fora do sistema de ensino e ocupação no mercado de trabalho, totalizando 4,7 milhões de pessoas.

Para as crianças e jovens que permanecem no sistema de educação, os desafios se voltam para questões além da pobreza, como a exposição direta ou indireta a possíveis episódios de bullying (prática definida pelo MEC como comportamento agressivo e antissocial de estudantes, sem motivação evidente, em uma relação desigual de forças), preconceitos, discriminações e diversas práticas de violência entre/voltado aos alunos e ou institucionais.

Nos últimos anos, a sociedade tem acompanhado o desenrolar de diversos episódios dessas violências, como exemplo específico os ataques a escolas. Estes episódios, de acordo com o Relatório de Política Educacional de 2023, ocorreram em 37 escolas nos últimos 22 anos. Nos restando, portanto, os questionamentos dos caminhos que nos trouxeram aqui e acima de tudo quais serão os caminhos que nos levarão para um futuro melhor para os nossos jovens diante dos complexos desafios aqui apresentados que enfrentamos atualmente.

Não encontraremos respostas prontas e simplificadas, mas para pensar no futuro não devemos fugir das construções coletivas necessárias. Será que estamos ouvindo com atenção as demandas dos nossos jovens?

O legado que tanto se busca deve partir da construção de união focada e objetiva entre diferentes atores das organizações da sociedade civil, organizações internacionais, setor privado e o Estado.

E esta construção em busca de um futuro mais justo, saudável, pacifista e inclusivo para todos e todas é a proposta da Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento (PADF), organização que há mais de 60 anos apoia comunidades em vulnerabilidade em parceria com vários setores da sociedade.

Esta visão é endossada por diversos organismos internacionais e só será possível quando compreendermos o nosso papel de forma coletiva e não apenas individual criando espaços seguros, de acolhimento e multiplicidade para as próximas gerações. Estamos dispostos a esse compromisso coletivo?

O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Ingrid Camargo foi "Raça", de Milton Nascimento.

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