Pretos Olhares

Fotografia e outras linguagens da arte feitas por pessoas pretas

Pretos Olhares - Catarina Ferreira
Catarina Ferreira
Descrição de chapéu quadrinhos

Representatividade resgata a imaginação e precisa se atualizar, diz fotógrafo

O carioca Ruan Walker viralizou com fotos de crianças negras vestidas como personagens famosos

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São Paulo

O fotógrafo carioca Ruan Walker, 30, viu o alcance do seu trabalho crescer após fazer fotos temáticas com crianças negras de três e quatro anos vestidas como personagens da "Turma da Mônica".

"Até os atores [que vivem a Turma no cinema] comentaram e compartilharam as fotos. Não esperava que tivesse um alcance tão grande", diz ele.

Fotos viralizaram após serem postadas na conta de Ruan no Instagram
Fotos da 'Turma da Mônica' preta viralizaram após serem postadas na conta de Ruan no Instagram - Ruan Walker

Os ensaios fotográficos postados em sua conta no Instagram fazem releituras de personagens que estrelam histórias como a da turma do Maurício de Sousa, os amigos de "Scooby Doo", "Toy Story", entre outros. A ideia, conta ele, é que as crianças negras sejam protagonistas de aventuras que já ocupam lugar de destaque na memória do público em geral.

"São personagens muito famosos que você não imagina que possam ser pretos."

A cor da pele não altera a história, mas ao trazer uma criança negra no papel principal o objetivo é "estimular a fantasia, a imaginação e a possibilidade de eles viverem muitas aventuras".

Ele afirma que seu trabalho é para o público em geral. "As crianças são as protagonistas em tudo, mas os adultos veem o impacto do resultado porque também fomos crianças um dia e sem as referências de hoje."

Ele cita o live-action da Pequena Sereia, em cartaz nos cinemas, que recebeu inúmeras críticas por trazer Halle Bailey, 23, uma atriz negra, para viver a protagonista, Ariel. No filme da princesa Ariel, exemplifica o fotógrafo, algumas falas e músicas foram alteradas para evitar o reforço de estereótipos machistas.

O mesmo cuidado deve ser tomado ao fazer uma releitura que traz pessoas negras. As roupas, o cabelo, a maquiagem, a iluminação, tudo precisa ser pensado de acordo com as características de quem vai representar aqueles personagens.

"Não basta que [as pessoas negras] estejam ali vivendo histórias que originalmente não foram criadas para elas é preciso que se sintam acolhidas de fato e que o debate sobre representatividade se atualize sempre".

Segundo ele, releituras são importantes porque têm relação direta com a memória afetiva dos adultos, negros e brancos, e abre caminhos para refletir sobre quem são os protagonistas de aventuras na cultura pop. Já, a partir da imaginação, pode ajudar o desenvolvimento de novos personagens, feitos e estrelados por pessoas não brancas.

Ruan, que começou na fotografia há sete anos, conta que trabalhar com crianças não era seu objetivo. Mas, ao fazer os ensaios temáticos percebeu como poderia ser uma contribuição rica para seu trabalho.

"É tudo no tempo delas, do jeito delas, a participação dos pais também é constante, no fim a atmosfera é de brincadeira e isso aparece no trabalho."

Ele também faz ensaios com personagens negros como Pantera Negra, Super Choque e a Tempestade, dos X-Men. "Não podemos deixar de valorizá-los ou esquecer da importância que têm."

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