Sylvia Colombo

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Descrição de chapéu Mercosul

8M argentino terá reação contra estupro coletivo e acordo com FMI

Mulheres irão às ruas para protestos diante do Congresso, em Buenos Aires

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Buenos Aires

O dia da Mulher na Argentina, neste 8 de março, estará marcado por algumas bandeiras, e pelo alívio de não ter de carregar outras. Como, por exemplo, a que pedia a lei do aborto, legislação finalmente aprovada em 30 de dezembro de 2020.

A marcha que levará as mulheres até a praça do Congresso terá foco em outros objetivos. Um deles será o de estimular as mulheres a voltarem às ruas para protestar contra a violência doméstica, pela igualdade salarial, demonstrando revolta contra casos mais conhecidos de abusos, como o que paralisa a sociedade atualmente _a acusação contra o ator Juan Darthés, refugiado no Brasil, que se nega a apresentar-se para responder a um processo que é movido contra ele pela atriz Thelma Fardin.

Outro caso aberrante, porém, estará na cabeça de todos os que marcharem nesse dia. Afinal, faz menos de uma semana em que houve um estupro em manada numa popular praça de bares de Palermo, de dia e à vista de várias pessoas.

O grupo de homens (entre 20 e 29 anos) vinha acompanhando uma menina de 20 anos, que pelas imagens de câmeras de rua e de negócios da região estava claramente bêbada e em estado alterado. As imagens permitem reconstruir o episódio praticamente sem cortes. A moça é empurrada para dentro de um carro, enquanto seis rapazes se revezam para abusar dela. Os que já se serviam, riam e tocavam um violão, para depois voltar a entrar no carro. Foi preciso a ação de alguns vizinhos, que se deram conta do que ocorria, e resgataram a menina. Um lojista atacou o carro com uma vassoura, os rapazes foram arrastados para dentro de um comércio e a polícia foi chamada.

Os acusados estão presos e a menina, com a identidade preservada, passa bem e está em casa. Mas o

Marcha em comemoração do dia da mulher em Buenos Aires, no ano passado
Marcha em comemoração do dia da mulher em Buenos Aires, no ano passado - Martín Zabala/Xinhua

caso escandalizou a sociedade. Causou ainda mais revolta pelo lado político quando a ministra das Mulheres, Gênero e Diversidade, Elizabeth Gómez Alcorta, deu declarações na linha de "humanizar os rapazes".

"Pode ser seu irmão, seu vizinho, seu pai, seu filho, seu amigo ou companheiro de trabalho. Não são bestas nem animais. Não é uma manada nem seus instintos são irrefreáveis. Nenhum dos casos que nos horrorizam são isolados, todos respondem a uma matriz cultural", disse Alcorta.

Numa tentativa desastrada de explicar-se, disse que quis alertar para a necessidade de uma mudança na educação, na estrutura da sociedade argentina. Mas não adiantou. Alcorta é um dos alvos dos protestos dos últimos dias e certamente será também nesta terça-feira.

Outro dos temas que as mulheres levarão às ruas nesta terça é o polêmico acordo com o FMI, que está por ser votado pelo Congresso argentino e divide opiniões, uma vez que significará ajustes e reformas, embora o presidente Alberto Fernández tente minimizar essa questão.

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