Tinto ou Branco

Tudo que você sempre quis saber sobre vinho, mas tinha medo de perguntar

Tinto ou Branco - Tânia Nogueira
Tânia Nogueira

Na minha sacola: três tintos frescos

Sugestão de vinhos tintos leves e gostosos para dias quentes de inverno

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São Paulo (SP)

Com o inverno de meia-tigela deste ano, vinhos tintos leves e frescos caem melhor do que pancadões como o tannat uruguaio, o cabernet sauvignon chileno ou um reserva da região espanhola de Rioja, por exemplo. Por isso, escolhi os três vinhos abaixo para estrear a série de indicações que pretendo oferecer por aqui com certa regularidade. Hoje temos três vinhos que tomei recentemente, que me agradaram muito e que têm preço razoável.

Barato ou caro são termos relativos. Um vinho barato para você pode ser muito caro para mim e vice-versa. Isso depende de vários fatores. Não apenas de renda. Claro, o poder aquisitivo (ou a falta dele) é bastante determinante na hora da escolha. Eu mesma estudo, leio, degusto maravilhas a trabalho, mas, na maioria dos restaurantes, acabo escolhendo o vinho pela coluna da direita, ou seja, a do preço. Boa parte das vezes, só encontro um ou dois rótulos que cabem no meu orçamento.

taça de vinho tinto claro em frente a um vinhedo
Os tintos mais claros costumam ir melhor com os dias quentes. Na foto, uma taça de lambrusco, vinho italiano que também combina com dias quentes - arquivo pessoal/Tânia Nogueira

O orçamento de cada pessoa é diferente. Enquanto um bom número de frequentadores de restaurantes de luxo pagam mais de R$ 1 mil numa garrafa com facilidade, a maioria da população brasileira só consegue (quando consegue) pagar pelo vinho da garrafa pet, antes conhecido como vinho de garrafão, feito com uvas de mesa.

O padrão de consumo, no entanto, depende também das prioridades de cada um. Tenho amigas que gastam R$ 2 mil em uma bolsa e acham um despropósito pagar R$ 80,00 em uma garrafa de vinho. Outras, como eu, nem sonham com uma bolsa desse preço e gastam um pouco mais com vinhos. A quantidade consumida também pesa. Eu, por exemplo, compro poucos vinhos porque bebo em eventos de trabalho com frequência. Quando compro, procuro gastar até uns R$ 80,00 na prateleira e até uns R$ 120,00 no restaurante. De preferência, menos. Porém, às vezes, sou obrigada a subir essa linha de corte. Há ocasiões especiais, claro, como comemorações, viagens ou ofertas imperdíveis, onde gasto mais. Já, para quem bebe todo dia ou recebe muita gente em casa, manter esse padrão pode ser bem difícil.

E vocês, caros leitores? Qual é a sua linha de corte? Imagino que sejam as mais variadas. Então, minha sacola será também variada. Hoje começo com vinhos dentro da minha linha de corte, cerca de R$ 80,00. Prometo buscar vinhos abaixo disso que valham a pena serem indicados, mas aviso que não é fácil porque o chileno reservado do supermercado vocês já conhecem e não precisam de mim para indicar. Às vezes, nessas sugestões, vou subir um pouco acima do meu próprio orçamento, porque deve ter muita gente por aí que ganhe melhor (o que não é muito difícil) e até que priorize (duvido muito) vinho mais do que eu. E, lembrem-se, preços mudam.
A seguir a lista desta semana:

taça e garrafa de vinho
O Miolo Wild Gamay Noveau é feito com a mesma técnica dos franceses beaujolais noveau - Instagram/@tinto_ou_branco


Miolo Wild Gamay Noveau 2023
Feito da mesma uva dos beaujolais, este vinho gaúcho da Campanha Meridional é engarrafado poucos meses depois da colheita. No site da Miolo, está escrito que ele é o primeiro vinho da safra 2023 engarrafado no mundo. Essa informação é difícil de checar, mas certamente é um dos primeiros. Não passa nem perto de barril de carvalho, o que ajuda a manter os aromas e o frescor da fruta. Sinto também aromas de pimenta preta e grafite que, por incrível que pareça, o deixam muito interessante. Pode ser bebido geladinho. No site da Miolo, está por R$ 80,11, mas em alguns empórios e supermercados às vezes está mais barato. Importante, tente provar o 2023 porque ele ainda está fresquinho.

taça e garrafa de vinho
Produzido pela vinícola argentina Escorihuela Gascón, o Circus é um malbec bem diferente da maioria. - Instagram/@tinto_ou_branco

Circus Malbec
Um malbec bem diferente daqueles com que estamos acostumados. Não passa por barris de carvalho, então, não tem aquele cheirinho e aquele gostinho de baunilha e chocolate que agradam tanto. Em compensação, tem algo muito fresco. Parece que estamos mordendo uma ameixa preta. Ou melhor, uma salada de ameixa preta, morango, cereja, etc. No nariz, também lembra essas frutas. O corpo é de médio para leve e a acidez, um azedinho delicioso, ajuda a descer fácil. Foi uma grata surpresa quando provei, tanto que fiz até um post no Instagram agradecendo ao vendedor que o indicou para mim. Produzido pela Bodega Escorihuela Gascón, está por R$ 80,66 na Grand Cru.

garrafa e taça de vinho
O Adobe Pinot Noir é produzido pela Emiliana, vinícola do grupo Concha y Toro que produz vinhos orgânicos - Instagram/@tinto_ou_branco


Emiliana Adobe Reserva Pinot Noir
Este, eu compro sempre. É um vinho que levo a almoços descontraídos ou para comer uma pizza na casa de alguém. A Emiliana é uma vinícola chilena do grupo Concha y Toro, considerada a maior do mundo a trabalhar com vinhedos orgânicos e biodinâmicos. Como deve ser com os vinhos de pinot noir, é claro e translúcido na taça e leve e fresco na boca. No nariz, tem as tais frutas vermelhas comuns à maioria dos tintos, mas aqui elas aparecem frescas e bastante evidentes. Tem um leve toque de baunilha que deve vir do fato de uma pequena parte do vinho descansar por um curto período em carvalho. É só um tempero.
Custa R$ 84,00 no site da La Pastina, mas no Sacolão de Perdizes (São Paulo), onde eu compro, sai por R$ 59,90.

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