Machismo. Ignorância. Estupidez.
A Ucrânia sofre uma invasão.
E um deputado estadual paulista fica entusiasmado com as jovens do local.
–São fáceis.
Para ele, as ucranianas são mais interessantes do que as maiores beldades das baladas brasileiras.
–São fáceis porque são pobres.
Seria o caso de pensar nas mulheres pobres aqui do nosso país.
Mas o paralelo não se aplica.
Afinal, lá predominam as loiras de olhos azuis.
O deputado Arthur do Val foi ajudar na resistência contra os russos.
Acabou entrando em campo minado.
O famoso marqueteiro baiano Andersen Lourenço acompanhava a situação.
–É uma pena que já não me consultam mais.
Ele dava um suspiro.
–Com essa história de twitter e whatsapp…
Andersen sorria com tristeza.
–Não dá tempo de planejar uma estratégia de comunicação política.
O pincel atômico traçava linhas rápidas na lousa branca.
–O Mamãe Falei teria diversas alternativas.
Andersen explicava.
–Primeiro. Chorar na frente das câmeras. Pedir desculpas para a namorada.
Ela já rompeu relações com seu antigo amor.
–Mas chorar, não sei… afinal, homem não chora.
Havia uma segunda opção.
–Assumir que falou isso mesmo. Ele não é o Mamãe Falei?
Andersen calculava os riscos.
–Muitos eleitores são tão machistas como ele.
O pincel desenhou duas flechinhas na lousa.
–Que mal tem ele gostar das loiras?
A estratégia era clara.
–Se criticarem ele, pode ser caso de racismo reverso.
E tinha mais.
–Se elas são fáceis, a culpa é dele agora?
Andersen ia montando as peças de sua proposta de assessoria.
–A mãe dele. Será que não pode ajudar?
Seria bom saber se as mães ucranianas também podem dar declaração.
O marqueteiro tentava vários números do celular.
–Por duzentos mil eu faço o serviço de reparação comunicativa.
A tradicional criatividade de Andersen guardava, entretanto, uma carta na manga.
–Se for para não perder eleição…
Formulou-se a ideia radical.
–Faz uma declaração que é gay. E que tudo isso não era para valer.
Faltava um pequeno detalhe.
–Muda o nome também. Para Mamãe Não te Contei.
O machismo deve ser combatido.
Mas, por vezes, a coisa é como ser loiro ou moreno.
Já está tudo no DNA.
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