Fretes. Entregas. Remessas.
Sem motoqueiros, a cidade não anda.
Layson trabalhava no setor.
–Mais aqui na Zona Leste.
A pressão era constante.
–Sem contar o que os clientes xingam.
Uma entrega de lanche.
Layson se recorda.
–Eram seis hambúrgueres de McPicanha.
Alguns clientes se mostraram insatisfeitos com o produto.
Na hora da gorjeta, Layson sofreu a humilhação.
–Só vinte centavos?
–É a McGratificação.
Ele voltava frustrado para a lanchonete.
–Que é que eu tenho a ver?
A moto deu a resposta.
–Krrraak… krraak… rrrrrrkk.
–Só falta ser o escapamento de novo.
A velha cinquentinha estava com as peças caindo no asfalto.
Foi amargo o comentário de Layson.
–É a minha McYamaha.
Nos sabores Sufoco, Fracasso e Ainda na Luta.
–Enquanto isso, os assaltantes têm modelos novinhos.
É fato.
Quadrilhas especializadas usam a moto para o roubo e a morte.
O PM Carlos estava avisado do problema.
E se aproximou de Layson ali na calçada.
–Vai mostrando os documentos.
Era outro ponto fraco do entregador.
–É que…
O policial já estava examinando a mochila de Layson.
–Vazia. Pretendendo guardar o quê aí dentro, hein?
Layson manteve a humildade.
–Ainda mais porque eu sou negro.
O veículo terminou sendo liberado.
Layson estava engatando a marcha quando o escapamento caiu de vez.
Foi inevitável o pesado palavrão.
O PM Carlos levou a coisa para o lado pessoal.
Layson tentou se defender.
Está internado agora com concussões e fraturas variadas num hospital da região.
Já perdeu o McEmprego.
Mas dizem que, no hospital, a batata frita é boa.
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