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A cruzada de Carluxo contra as crianças vegetarianas

Vereador quer proibir, nas escolas públicas cariocas, a oferta de merenda feita especialmente para quem não come carne

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São Paulo

Eis que o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho de você-sabe-quem, quer proibir a oferta de cardápios vegetarianos e veganos nas escolas da rede municipal.

Um ano e meio depois de perder o segundo emprego em Brasília, Carluxo decidiu mostrar serviço na câmara do Rio, com esse projeto de lei que extrapola o estapafúrdio.

Folclórico era o projeto que Aldo Rebelo apresentou à Câmara dos Deputados em 1999, quando era um deputado autodeclarado comunista. Ele propunha a proibição de estrangeirismos no português brasileiro, pelo menos em documentos do poder público.

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Carlos Bolsonaro posa com arma - Reprodução/Twitter

Por exemplo: futebol (do inglês football) passaria a se chamar ludopédio. Chance zero de aprovação, um assunto que não interessava a absolutamente ninguém.

Já a proposta de Carluxo atende aos interesses da extrema-direita que emprega o caos como método.

O próprio vereador, no justificativa do projeto, explicita a intenção de atacar o que ele chama de "militantes" e "ecofanáticos".

Se você acha confusa a retórica carluxa nas redes sociais, saiba que a coisa fica bem mais doida nos longos textos que ele escreve para os colegas de vereança.

Não sei se deveria fazer isso com vocês, mas lá vai. Segue um trechinho do PL 3027/2024:

"Queremos evitar que o Estado se intrometa numa particularidade que inequivocamente pertence às famílias, que não são obrigadas a adotar agendas militantes a título de ‘alimentação saudável’ ou em função de ecofanatismos alheios, que ao cabo e ao fim é do que trata hoje boa parte da agenda vegetariana/vegana a despeito da boa vontade e honestidade de alguns grupos de praticantes."

Carluxo não esconde que seu alvo não são os alimentos vegetais, mas as pessoas vegetarianas.

Ele, sua família e o fã-clube se consideram cruzados. Elegeram como inimigos, a serem aniquilados, todos que adotem ideias ou costumes supostamente "esquerdistas".

Não come carne? Esquerdista. Não gosta de armas? Esquerdalha gayzista. Separa o lixo reciclável? Esquerdopata ecoterrorista.

Gente que precisa se curvar a eles. Ou desaparecer.

Carluxo usa argumentos mentirosos nessa retórica torta.

Claro que o estado não quer obrigar nenhuma criança a ser vegetariana.

Apenas seriam oferecidas mais opções de merenda. Um cardápio mais diverso.

Aí está o cerne da questão (ou seria cuestão?): a extrema-direita morre de pavor da diversidade.

Na lógica dessas pessoas, comportamentos reprováveis são contagiosos.

A homossexualidade pode contaminar os filhos do cidadão de bem. O comunismo pode seduzir o patriota num momento de distração. A macumba pode ruir a base do cristianismo.

E se o veganismo pegar de jeito nossa juventude? O que será dos bravos pecuaristas que criam seus bois onde já foi floresta e terra indígena?

Carluxo sabe que o projeto não vai andar. Não importa para ele. Seu ofício é disseminar ódio, confusão e pânico.

O problema não é o Carluxo. É quem vota em políticos como ele, justamente para atuar dessa forma. São 30% dos brasileiros.

É o que temos no cardápio do dia, com ou sem carne.

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