Voltaire de Souza

Crônicas da vida louca

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Venezuela, jamais

Na luta contra a intervenção do Estado, Roberto Jefferson pode dar forte exemplo

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Medo. Ansiedade. Expectativa.

Aproxima-se o segundo turno.

Eram grandes as preocupações de Paulo Ivan.

—Desse jeito... não sei não.

Ele teclava rapidamente no celular.

—Vamos marcar uma reunião de emergência.

—Aí mesmo no seu escritório, Paulo Ivan?

—Com certeza. Não quero ninguém atrasado.

A equipe de assessores chegou no horário combinado.

--O ar-condicionado está bom? Ou querem que eu aumente um pouco?

—Está perfeito, Paulo Ivan.

—Muito bem. Eu chamei vocês porque quero compartilhar algumas de minhas considerações neste momento tão difícil.

—Claro, Paulo Ivan.

—Estamos aqui para isso mesmo.

—Vejo, pelas pesquisas, que o país está em grande risco.

—Com o Lula ganhando...

—Isso aqui vira uma Venezuela.

—Uma ditadura. Exatamente.

Paulo Ivan ligou a projeção do power point.

—Ao longo dos últimos dez anos, diversificamos nossos empreendimentos.

—Com muito sucesso, Paulo Ivan.

—E nosso crescimento sempre dependeu de uma única coisa.

—Qual, Paulo Ivan?

—Liberdade. Liberdade para investir. Liberdade para não ficar à sombra do Estado.

—Exatamente.

A voz de Paulo Ivan subiu de tom.

—E não vamos entregar essa liberdade de mão beijada.

—Nunca, Paulo Ivan.

O powerpoint passou a mostrar imagens polêmicas.

—É assim, meus amigos, que iremos reagir.

—Bomba, tiro e granada, né, Paulo Ivan?

—Mais do que nunca. Que nem o Roberto Jefferson.

—Ele não teve muita sorte...

—Mas nós estamos muito mais preparados.

—Arsenal exclusivo do Exército.

—Sem contar o armamento russo.

—Então, vocês já sabem.

—Juramento de sangue.

—Resistir até a morte.

—Contra a Polícia Federal, bala sem aviso.

—Contra juiz, granada e escopeta.

—Pela liberdade.

—Venezuela, jamais.

A noite chegou com presságios de chuva no Morro do Pirulito.

—Só de emprego direto, nossa rede de tráfico garante mais de dois mil postos.

—O que a gente investiu na formação de mão de obra não é pouco.

—E estamos exportando droga até para a China.

—O Roberto Jefferson, coitado...

—Bem-intencionado.

—Mas, na luta pela liberdade...

—Só dá nós, Paulo Ivan.

Para alguns setores da nossa sociedade, a Venezuela é o mal maior.

E, em matéria de droga, o sistema colombiano é que tem seus defensores.

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