Ideias. Projetos. Ambições.
Uma pergunta atravessa o Brasil.
Quem será o próximo ministro da Fazenda?
João Eulálio era um jovem liberal.
—Modéstia à parte.
Os amigos traziam notícias boas de Brasília.
—Estão falando muito no seu nome, João Eulálio.
—É mesmo? Mas onde?
—Na equipe de transição. Dizem que você é bem visto pelo mercado.
—Hehe... mas nesse governo aí... não sei se conta muito.
—Que pessimismo é esse, João Eulálio?
—Só tem cara de esquerda, pô.
—Calma... na Economia, a esquerda não tem chance não.
João Eulálio tomou um golinho de chá verde.
—Esse pessoal é muito melancia. Continua vermelho por dentro.
Uma semente de esperança, contudo, germinava no coração do economista.
—Fazer alguma coisa pelo Brasil...
João Eulálio ia sonhando longe.
—E depois, arranjo uma presidência num banco internacional.
Talvez valesse a pena o sacrifício.
O convite para participar da equipe chegou pelo celular.
—Opa. Opa. Estou indo.
—Encontra a gente na sala do cinema.
—Ué. Por quê?
—O pessoal vai estar vendo o jogo da Copa.
—Copa? Que Copa?
—Vem. Depois te explico.
João Eulálio foi apresentado aos mandachuvas da equipe.
—Agora senta aí e põe a camisa da Seleção. Que os fotógrafos estão chegando.
—Hum. Por cima do paletó?
—Olha, olha. Começou.
—O outro time qual é?
—Suíça.
João Eulálio pediu desculpas.
—Vou ter de me ausentar. Infelizmente.
—Mas, João Eulálio...
—Torcer contra a Suíça? Pensaram nas consequências disso? Na mensagem para o mercado?
O pequeno país europeu tinha lugar reservado no coração do economista.
—Sabia que eram todos comunas. Mas não a esse ponto.
O resultado da partida não impressionou o rapaz.
—Ganhar roubando é fácil. E disso eles entendem.
João Eulálio analisa agora as cotações do câmbio.
—Dólar baixando... será que é hora de comprar?
O Brasil precisa de economistas competentes.
Mas, por vezes, até os craques terminam trocando as bolas.
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