Nesta segunda (8), é comemorado tanto o Dia Nacional da Ciência quanto o do Pesquisador. A data é também a origem da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), entidade civil voltada para a defesa do avanço científico no país.
Não há muitos motivos para celebração, no entanto.
No primeiro semestre deste ano, milhares de bolsas de pesquisa foram congeladas e dois grandes protestos contra o corte de verba na educação tomaram as ruas do país no mês de maio.
A memória coletiva também não privilegia a ciência.
Em junho, uma pesquisa realizada pelo INCT-CPCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia) apontou que 93% dos jovens brasileiros não sabem citar o nome de um cientista do país.
A Folha pediu a seus seguidores nas redes sociais que indicassem qual cientista do Brasil eles conheciam ou lembravam.
Lidera o ranking das respostas o neurocientista Miguel Nicolelis, famoso por mostrar o exoesqueleto na abertura da Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
Há desigualdade de gênero no resultado. A primeira mulher a aparecer na lista, a geneticista Mayana Zatz, foi só a sexta mais lembrada.
Conheça os cientistas mais citados pelos leitores:
1º
Miguel Nicolelis, 58
Neurocientista da Universidade Duke, nos EUA. Seus estudos buscam integrar o cérebro humano com máquinas para reabilitar pacientes que sofrem de paralisia nos movimentos do corpo. Na abertura da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, exibiu um exoesqueleto que possibilitou a um paraplégico dar um chute leve numa bola.
2º
Marcelo Gleiser, 60
Professor titular de física, astronomia e filosofia natural no Dartmouth College (EUA), ficou conhecido do grande público por seus best-sellers sobre cosmologia e pelas aparições na TV. Em março de 2019, Gleiser se tornou o primeiro latino-americano a receber o prêmio Templeton, espécie de Nobel do diálogo entre a ciência e a espiritualidade.
3º
Oswaldo Cruz
(1872-1917)
Médico sanitarista, hoje herói nacional, enfrentou enorme resistência popular às suas ideias. No começo do século 20, contrariou o conhecimento da medicina da época ao defender que a febre amarela era transmitida por um mosquito. Em 1904, encarou a Revolta da Vacina, ao tentar promover uma vacinação em massa contra a varíola.
4º
Carlos Chagas
(1879-1934)
Biólogo, médico sanitarista e bacteriologista, teve papel importante na erradicação da malária no país. Em 1908, detectou protozoários no intestino dos “barbeiros”, insetos sugadores de sangue, e conseguiu relacioná-los à doença cardíaca misteriosa que atingia a população do interior de Minas Gerais, hoje conhecida como doença de Chagas
5º
César Lattes
(1924-2005)
Formado em física e matemática aos 19, era considerado um prodígio. Aos 23, teve seu maior feito: ao lado do inglês Cecil Frank Powell e do italiano Giuseppe Occhialini, descobriu uma partícula no interior do núcleo atômico, o méson pi, pontapé inicial do campo da física de altas energias. Seu colega inglês recebeu sozinho um Nobel pelo trabalho
6ª
Mayana Zatz, 71
Zatz é professora de genética e diretora do Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano e Células-Tronco da USP. Ela é responsável por algumas das pesquisas mais importantes sobre o tratamento de distúrbios musculares no Brasil. Foi uma das principais vozes no debate que levou à aprovação de pesquisa com células-tronco embrionárias no país
7ª
Suzana Herculano-Houzel, 47
A bióloga e neurocientista carioca ganhou o mundo em 2009 ao publicar um estudo mostrando que o cérebro humano é composto de 86 bilhões de neurônios. Em 2016, saiu do Brasil e da UFRJ, por considerar que o país não oferecia mais condições para pesquisa. Hoje, atua na Universidade Vanderbilt, nos EUA, e é colunista da Folha
8ª
Joana D’Arc Félix, 55
A pesquisadora e professora de química nascida em Franca (SP), negra e de origem pobre, conseguiu trajetória acadêmica admirada. Ela tem mestrado e doutorado na Unicamp e é docente da Escola Agrícola de Franca. Em maio deste ano, reportagem revelou que ela não tem pós-doutorado em Harvard nem parte das patentes que afirmava ter
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.