Descrição de chapéu alimentação

Cientistas exibem almôndega gigante de mamute, mas ainda não recomendam o consumo

Iguaria foi criada em processo de bioengenharia de uma empresa australiana a partir do DNA de um mamute lanoso

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Amsterdã | AFP

Cientistas apresentaram nesta terça-feira (28), em Amsterdã, uma almôndega de carne cultivada em laboratório de um mamute lanoso, uma espécie extinta. Segundo eles, essa "viagem" ao passado abre caminho para os alimentos do futuro.

A iguaria da empresa australiana de carne cultivada Vow foi exibida sob uma cúpula de vidro no museu de ciências Nemo, na capital holandesa.

Mas essa carne de paquiderme ainda não está pronta para ser consumida: a proteína com milhares de anos ainda deve passar por testes de segurança antes de poder ser consumida.

Almôndega gigante feita a partir de DNA do extinto mamute lanoso em exposição dentro de uma cúpula de vidro no Museu de Ciências Nemo, em Amsterdã (HOL)
Almôndega gigante feita a partir de DNA do extinto mamute lanoso em exposição no Museu de Ciências Nemo, em Amsterdã - Piroschka van de Wouw/Reuters

"Escolhemos a carne de mamute lanoso porque é um símbolo de perda, extinto pelas mudanças climáticas anteriores", disse à AFP Tim Noakesmith, cofundador da Vow.

"Enfrentaremos um destino similar se não fizermos as coisas de forma distinta, como mudar as práticas da agricultura em larga escala e nossa forma de comer."

Cultivada durante várias semanas, a almôndega foi criada por cientistas que haviam identificado anteriormente a sequência de DNA da mioglobina do mamute, a proteína que dá o sabor à carne.

Com algumas lacunas, a sequência de DNA foi completada com os genes do elefante-africano, o parente vivo mais próximo desse paquiderme ancestral, e introduzida em células de cordeiro com ajuda de uma descarga elétrica.

"Não vou comê-la ainda porque não vemos essa proteína há 4.000 anos", declarou Ernst Wolvetang, do Instituto Australiano de Bioengenharia da Universidade de Queensland, que colaborou com a Vow. "Contudo, depois dos testes de segurança, estarei realmente curioso para ver com o que ela se parece."

Fundador da empresa australiana Vow, Tim Noakesmith ao lado da almôndega de mamute
Fundador da empresa australiana Vow, Tim Noakesmith diz que a escolha pela carne de mamute foi pelo símbolo da espécie extinta - Piroschka van de Wouw/Reuters

O consumo mundial de carne quase dobrou desde o início dos anos 1960, segundo números da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês).

De acordo com essa entidade, a pecuária representa 14,5% das emissões mundiais de gases do efeito estufa causadas pelo homem.

Com a previsão de que esse consumo ainda aumente 70% até 2050, os cientistas buscam alternativas como a carne vegetal ou a cultivada em laboratório.

Com sede em Sydney, a empresa Vow não quer impedir as pessoas de comer carne, mas "oferecer algo melhor", afirmou Noakesmith, que se define como um vegetariano frustrado. "Escolhemos fazer uma almôndega de carne de mamute para atrair a atenção de que o futuro da alimentação pode ser melhor e mais sustentável."

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