Nasa faz 1ª reunião pública sobre estudo de óvnis antes de relatório

'Precisamos de informações de alta qualidade', diz David Spergel, líder de grupo de estudo, em abertura do evento

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Joey Roulette Steve Gorman Issam Ahmed
Washington | Reuters e AFP

Um painel da Nasa formado no ano passado para estudar o que o governo chama de "fenômenos aéreos não identificados", comumente denominados óvnis, realizaram sua primeira reunião pública nesta quarta-feira (31), antes de um relatório esperado para as próximas semanas.

O painel de 16 membros, reunindo especialistas de áreas que vão da física à astrobiologia, foi formado em junho passado para examinar avistamentos de óvnis não confidenciais e outros dados coletados do governo civil e setores comerciais.

"Se eu fosse resumir em uma linha o que sinto que aprendemos, é que precisamos de dados de alta qualidade", disse o presidente do painel, David Spergel, durante o discurso de abertura. "Os dados atuais e os relatórios de testemunhas não bastam por si só para proporcionar provas conclusivas."

Imagem de objeto não identificado feita por pilotos da marinha americana - Departamento de Defesa dos EUA/AFP

O foco da sessão pública de quatro horas desta quarta-feira "é realizar as deliberações finais antes que a equipe de estudo independente da agência publique um relatório", disse a Nasa ao anunciar a reunião.

A equipe tem "vários meses de trabalho pela frente", disse Dan Evans, pesquisador sênior da unidade científica da Nasa, acrescentando ainda que os membros do painel foram submetidos a abuso online e assédio desde o começo de seu trabalho.

"O assédio só leva a uma maior estigmatização do campo UAP [Unindentified Aerial Phenomena, ou Fenômeno Aéreo Não Identificado], dificultando significativamente o processo científico e desencorajando outros a estudarem este assunto importante", afirmou a chefe de ciência da Nasa, Nicola Fox, no seu discurso de abertura.

O painel representa o primeiro inquérito desse tipo já conduzido sob os auspícios da agência espacial dos Estados Unidos para um assunto que o governo já entregou à alçada exclusiva e secreta de oficiais militares e da segurança nacional.

O estudo da Nasa é separado de uma investigação recém-formalizada, baseada no Pentágono de fenômenos aéreos não identificados documentados nos últimos anos por aviadores militares e analisados por oficiais da defesa e inteligência dos EUA.

Funcionários do painel, tendo confiado em sensores de dados não classificados, indicaram que encontraram muitos dos mesmos obstáculos que seus colegas do Pentágono no estudo de objetos não identificados.

"Os esforços atuais de coleta de dados sobre UAPs são assistemáticos e fragmentados em várias agências, muitas vezes usando instrumentos não calibrados para coleta de dados científicos", disse Spergel.

Ao longo de 27 anos foram reunidos mais de 800 eventos, dos quais entre 2% e 5% são considerados possivelmente anômalos, explicou a jornalista científica Nadia Drake, participante do estudo.

Estes são definidos como "qualquer coisa que não seja facilmente compreensível pelo operador ou pelo sensor" ou "que está fazendo algo estranho".

Um exemplo de fenômeno inexplicável é um globo metálico voador avistado por um drone MQ-9 em um lugar não revelado do Oriente Médio, afirmou Sean Kirkpatrick, diretor do escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios do Pentágono, ao reproduzir um vídeo exibido pela primeira vez ao Congresso dos EUA no mês passado.

"Este é um exemplo típico de uma coisa que vemos a maioria das vezes. Vemos isso por todo o mundo, fazendo manobras aparentes muito interessantes", acrescentou.

Os esforços paralelos da Nasa e do Pentágono, ambos realizados com alguma aparência de escrutínio público, destacam um ponto de virada para o governo depois de décadas desviando, desmascarando e desacreditando avistamentos de objetos voadores não identificados —por muito tempo associados a noções de discos voadores e alienígenas— que datam da década de 1940.

Embora a missão científica da Nasa tenha sido vista por alguns como promissora de uma abordagem mais aberta ao tema, a agência espacial americana informou desde o início que não estava tirando conclusões precipitadas.

"Não há evidências de que os UAPs sejam de origem extraterrestre", disse a Nasa ao anunciar a formação do painel em junho.

Autoridades de defesa dos EUA disseram que o recente esforço do Pentágono para investigar esses avistamentos levou a centenas de novos relatórios agora sob análise, embora a maioria permaneça classificada como inexplicável.

O chefe do recém-formado Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios do Pentágono disse que a existência de vida alienígena inteligente não foi descartada, mas que nenhum avistamento produziu evidências de origens extraterrestres.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.