Descrição de chapéu The New York Times

Foguete alternativo ao SpaceX se aproxima do primeiro lançamento

Após problemas em testes, United Launch Alliance diz que lançamento do Vulcan deve ocorrer até o fim de 2023

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Kenneth Chang
The New York Times

Construir um foguete é difícil. Preparar um foguete novo para seu primeiro voo é ainda mais difícil.

Foi esse o caso do Vulcan, um novo foguete desenvolvido pela United Launch Alliance, joint venture entre Boeing e Lockheed Martin.

O primeiro veículo estava previsto para ser lançado em maio, mas um tanque de propelente rachou durante testes em março. Hidrogênio que vazou do tanque se incendiou e virou uma bola de fogo que destruiu o estágio superior do Vulcan e danificou a bancada de testes.

foguete Vulcan é transportado após chegar de navio em Cabo Canaveral, na Flórida - Joe Skipper 22.jan.23/Reuters

Em uma entrevista coletiva por telefone com jornalistas na quinta-feira (13), o CEO da United Launch Alliance, Tory Bruno, disse que o problema agora já foi bem entendido, que uma correção está sendo feita e que o primeiro lançamento deve ocorrer ainda neste ano.

Por que isso é importante: concorrência no setor de foguetes

Nos últimos anos, o negócio do lançamento em órbita de naves espaciais e astronautas foi dominado pela SpaceX, a empresa de foguetes fundada e comandada por Elon Musk.

Os preços mais baixos e o índice alto de lançamentos da SpaceX têm beneficiado muito as operadores de satélites, a Nasa e a Força Espacial dos EUA. Mas esses clientes, especialmente a Força Espacial, não querem depender de uma só companhia.

A Força Espacial está exigindo que a United Launch Alliance lance duas missões Vulcan antes que ela possa sentir confiança em utilizar o foguete para satélites de espionagem e outras cargas ligadas à segurança nacional. Quanto mais tempo a companhia levar para completar as primeiras duas missões, mais ela terá que aguardar para conseguir essa certificação.

Pano de fundo: um ano de transição

Uma década atrás, a United Launch Alliance detinha o monopólio dos lançamentos de segurança nacional dos EUA, usando seus foguetes Atlas 5 e Delta 4, que quase não tiveram falhas. Mas ela quase não tinha clientes comerciais, porque os foguetes custavam muito caro.

Quando a SpaceX moveu uma ação judicial, as Forças Armadas americanas abriram a possibilidade de certificar foguetes SpaceX para missões de segurança nacional.

Alguns parlamentares, especialmente o senador republicano John McCain, do Arizona, questionaram cada vez mais como as Forças Armadas dos EUA poderiam confiar no Atlas 5, sendo que seu estágio de propulsão era alimentado por motores RD-180 de fabricação russa.

Até agora este ano a United Launch Alliance lançou apenas um foguete, um Delta 4, enquanto a SpaceX lançou quase 50.

Em 2014 a empresa anunciou o desenvolvimento do Vulcan para suceder o Atlas 5 e o Delta 4. Os foguetes mais antigos já deixaram de ser fabricados, e o trabalho sobre o Vulcan ainda está em fase inicial.

Para o Vulcan, em lugar de usar os motores russos, a United recorreu à Blue Origin, empresa fundada por Jeff Bezos, da Amazon.

Os motores BE-4 da Blue Origin vão alimentar o propulsor Vulcan e também o foguete New Glenn, da própria Blue Origin, ainda em desenvolvimento.

Enquanto os motores de foguete da Blue Origin usados no primeiro foguete Vulcan foram aprovados nos lançamentos de teste, um motor previsto para ser usado na segunda missão explodiu durante testes recentes, divulgou a CNBC na quarta-feira (12). Tory Bruno disse que é pouco provável que isso cause qualquer atraso adicional à programação de voos.

"Não é inesperado", ele disse. "Não será a última vez. E haverá outros componentes do foguete que também serão reprovados no teste de aceitação."

O que vem a seguir: nova nave espacial e uma nova missão à Lua

A primeira missão Vulcan vai transportar um módulo de pouso lunar comercial construído pela Astrobotic Technology, de Pittsburgh; dois satélites de demonstração da Amazon de sua rede internacional de satélites Kuiper planejada, e as cinzas de pessoas que querem ser sepultadas no espaço como parte de um serviço memorial prestado por uma companhia chamada Celestis.

O segundo Vulcan lançado deve transportar o Dream Chase, um avião espacial que está sendo desenvolvido pela Sierra Space, de Boulder, Colorado, para orbitar em um voo de teste. A versão atual do Dream Chaser não levará pessoas a bordo, mas será usada para transportar cargas para a Estação Especial Internacional e dela para a Terra.

Se os dois primeiros voos forem bem-sucedidos, a Força Espacial vai rever os dados para certificar o foguete Vulcan, e a primeira missão de segurança nacional poderá ser lançada já no segundo trimestre do próximo ano.

Tory Bruno disse que a United planeja lançar 25 missões em 2025, metade delas missões governamentais e metade para clientes comerciais. "É um portfólio muito mais balanceado", ele disse. "Isso quadruplica nossa taxa de lançamentos."

Tradução de Clara Allain

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