Por que Japão quer se tornar o 5º país a pousar na Lua

Após cancelamentos, Jaxa planeja lançar missão Slim até o mês que vem

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Kantaro Komiya
Tóquio | Reuters

A Jaxa (agência espacial do Japão) adiou mais uma vez nesta segunda-feira (28) o lançamento do que espera ser a primeira espaçonave do país a pousar na Lua. O motivo foram os fortes ventos em alta altitude.

O Japão pretende lançar ao espaço o Slim ("Smart Lander for Investigating Moon", ou pousador inteligente para investigação da Lua) até meados de setembro, com um pouso lunar previsto para janeiro de 2024.

Se a missão for bem-sucedida, o país se tornará o quinto a conseguir pousar na Lua, depois dos Estados Unidos, da extinta União Soviética, da China e da Índia.

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Japão pretedente lançar missão lunar até setembro deste ano - Juan Mabromata/AFP

Qual é a missão lunar do Japão?

Com mais de duas décadas de desenvolvimento, o projeto Slim foca o uso de tecnologia avançada de navegação baseada em imagens e hardware leve para conseguir um pouso de alta precisão.

Apelidado de "atirador lunar", o Slim foi projetado para pousar a não mais que cem metros do local-alvo. Isso representa um salto gigantesco em relação à precisão convencional de vários quilômetros para sondas lunares, segundo a Jaxa.

O alunissador Slim no Centro Espacial Tanegashima durante o processo de instalação no satélite que será lançado para tentar pousar no solo lunar
O alunissador Slim no Centro Espacial Tanegashima durante o processo de instalação no satélite que será lançado para tentar pousar no solo lunar - AFP/Jaxa

Ao construir um módulo de pouso leve, a agência pretende reduzir os custos de lançamento e permitir missões mais frequentes. O Slim pesa pouco mais de 700 kg no lançamento, ou menos da metade do Chandrayaan-3 da Índia.

Utiliza um eficiente sistema de propulsão química e inclui dispositivos eletrônicos miniaturizados.

O desenvolvimento geral do Slim custou cerca de 15 bilhões de ienes (R$ 499 milhões) neste ano. A Índia lançou seu módulo de pouso com um orçamento de cerca de R$ 367 milhões.

Por que a tecnologia é importante?

A tecnologia de pouso "pontual" permite uma busca mais granular de rochas e recursos hídricos e aumenta a chance de sobrevivência da espaçonave, ajudando-a a selecionar o melhor local para a geração de energia solar e a evitar terrenos acidentados, disse a Jaxa.

O Slim está programado para pousar na encosta da cratera Shioli, perto do mar lunar Mare Nectaris. O local foi escolhido com base em imagens de alta resolução de orbitadores lunares.

O Slim emprega "navegação baseada em visão" para identificar onde está voando durante a fase de pouso, diz a Jaxa. Isso permite que a nave combine imagens em tempo real de sua câmera com as existentes da superfície lunar.

Por que o programa espacial do Japão é importante?

Embora 14 astronautas japoneses tenham estado no espaço —o quarto maior número depois dos EUA, da Rússia (incluindo a antiga União Soviética) e da China—, as missões espaciais do Japão se concentraram no desenvolvimento de lançadores e sondas espaciais e confiaram nos Estados Unidos e na Rússia para transportar os astronautas.

O Japão pretende enviar um astronauta à superfície da Lua na segunda metade da década de 2020, como parte do programa Artemis, da agência norte-americana Nasa.

A avançada tecnologia de imagem japonesa, como a utilizada no Slim, é vista como uma parte fundamental da sua resposta à crescente presença militar da China no espaço.

E os retrocessos recentes?

O lançamento do Slim foi adiado por alguns meses depois que a Jaxa destruiu manualmente o modelo inicial do novo foguete H3 de média elevação devido a problemas de ignição do motor após o lançamento, em março.

A Jaxa também falhou no lançamento de um pequeno foguete Epsilon em outubro de 2022, seguido de uma explosão de motor durante um teste no mês passado.

O governo diz que os projetos do setor privado deveriam desempenhar um papel mais importante. Startups, incluindo a ispace e a empresa de remoção de detritos orbitais Astroscale, entraram no mercado e levantaram centenas de milhões de dólares, além de pesos pesados industriais tradicionais, como a Mitsubishi Heavy Industries.

Colaborou Maki Shiraki

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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