Nasa lança missão Psyche rumo a asteroide metálico

Estudo de Psique pode dar pistas sobre a formação da Terra

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São Paulo

A Nasa (agência espacial americana) iniciou nesta sexta-feira (13) a missão Psyche, sua primeira tentativa de alcançar um asteroide metálico.

Lançamento da missão Psyche no Centro Espacial Kennedy, na Flórida - Divulgação/Nasa Television

Às 11h19 (horário de Brasília), um foguete Falcon Heavy decolou do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, levando a espaçonave. Oito minutos depois, os propulsores laterais do foguete da SpaceX pousavam com sucesso nas zonas de pouso 1 e 2 da empresa, no Cabo Canaveral, e Psyche seguia para seu destino.

A missão tem como alvo o asteroide Psique, localizado no cinturão entre Marte e Júpiter, e um intuito ousado. Para os cientistas, a visita a um asteroide metálico é o mais próximo que se pode chegar de realizar uma viagem ao centro da própria Terra. A previsão é de que a espaçonave Psyche alcance o alvo em 2029.

Nasa lança Psyche rumo a asteroide metálico - Divulgação/Nasa

Inicialmente, o lançamento estava previsto para esta quinta (12), mas precisou ser remarcado em razão do mau tempo. As condições meteorológicas, porém, não foram as únicas que adiaram a missão.

Como a Folha contou, a Psyche originalmente voaria no ano passado, mas problemas com testes do sistema de controle de voo impediram a decolagem. Com isso, a chegada ao asteroide foi adiada em pelo menos três anos, passando de 2026 para agosto de 2029.

A espera prolongada deve-se ao fato de as posições relativas de Terra e Marte terem mudado bastante desde 2022, alterando o momento em que a gravidade do planeta vermelho será utilizada para impulsionar a espaçonave até a órbita de Psique. Em outras palavras, Psyche precisará esperar mais tempo no espaço para ganhar o "empurrão".

Viagem ao núcleo

O asteroide Psique foi o 16º descoberto no cinturão de asteroides, em 1852, pelo astrônomo italiano Annibale de Gasparis e seu nome é uma homenagem à divindade que personifica a alma na mitologia grega.

Impressão artística da sonda Psyche da Nasa se aproximando do asteroide 16 Psych
Impressão artística da sonda Psyche da Nasa se aproximando do asteroide 16 Psych - Nasa

Com um formato irregular e 280 km de diâmetro em seu eixo maior, ele é bem mais denso do que a média dos asteroides e tem entre 30% e 60% de sua composição em metais.

Essa constituição atípica —asteroides são formados majoritariamente por rochas— sugere que Psique pode ser o núcleo exposto de um planetesimal, como são chamados os pequenos corpos celestes que teriam surgido na nebulosa que originou o Sistema Solar, há cerca de 4,5 bilhões de anos.

A ideia é que ele tenha sido atingido por muitos impactos que ejetaram boa parte de sua camada externa, rochosa, deixando apenas o núcleo denso. "A missão irá melhorar o nosso conhecimento sobre núcleos de ferro, um componente da formação planetária até agora inexplorado", diz a Nasa.

A espaçonave possui um magnetômetro, um espectrômetro de nêutrons e raios gama e um gerador de imagens, e passará cerca de dois anos orbitando o asteroide para mapear sua superfície e coletar dados sobre sua composição.

Psyche conta também com o DSOC, ou Comunicações Ópticas em Espaço Profundo. É a primeira tentativa da Nasa de desenvolver um sistema que permita transmissões de banda larga usando laser em vez de rádio para atuação além do sistema Terra-Lua.

"As comunicações por radiofrequência testadas no espaço profundo estão próximas do seu limite de largura de banda, aumentando a necessidade de sistemas de comunicação atualizados", afirma a Nasa. A ampliação da capacidade será fundamental em futuras missões espaciais com geração de grandes volumes de dados, incluindo imagens e vídeos de alta definição.

Dos asteroides para a Terra

A missão Psyche não é a única que aposta no estudo de asteroides datados do início do Sistema Solar para entender como nosso planeta e seus vizinhos se formaram.

Na última quarta-feira (11), a Nasa divulgou os resultados das análises iniciais da amostra do asteroide Bennu, coletada no espaço e trazida à Terra no fim de setembro. Segundo a agência, o material possui minerais argilosos contendo água e alto teor de carbono, elementos fundamentais para o surgimento de seres vivos.

"Missões como a Osiris-Rex vão melhorar a nossa compreensão dos asteroides que podem ameaçar a Terra, ao mesmo tempo que nos dão uma ideia do que está além. A amostra regressou à Terra, mas ainda há muita ciência por vir –ciência como nunca vimos antes", comentou o administrador da agência espacial, o ex-senador Bill Nelson, na ocasião.

Amostras de material do asteroide Bennu - Erika Blumenfeld e Joseph Aebersold/Nasa
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