1ª amostra de asteroide obtida pela Nasa cai de paraquedas nos EUA

Material pode trazer pistas sobre a origem e desenvolvimento de planetas rochosos, como a Terra

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Steve Gorman
Los Angeles (Reuters) | Reuters

Uma cápsula espacial da Nasa transportando a maior amostra já coletada da superfície de um asteroide atravessou a atmosfera da Terra neste domingo (24) e caiu de paraquedas nos Estados Unidos, entregando a rocha celestial aos cientistas.

A cápsula em forma de bala de goma, liberada da espaçonave robótica OSIRIS-REx ao passar horas antes a 107.800 quilômetros da Terra, aterrissou em uma área a oeste de Salt Lake City, no vasto campo de testes e treinamento do exército americano em Utah.

Amostra de asteroide que aterrissou neste domingo (24) em uma área a oeste de Salt Lake City, no vasto campo de testes e treinamento do exército americano em Utah - AFP

A descida e o pouso finais, transmitidos ao vivo pela Nasa, encerraram uma missão conjunta de seis anos entre a agência espacial americana e a Universidade do Arizona. Essa é a terceira e, de longe, a maior amostra de asteroide a ser trazida à Terra para análise, depois de duas missões semelhantes da agência espacial japonesa que terminaram em 2010 e 2020.

A OSIRIS-REx coletou sua amostra há três anos de Bennu, um pequeno asteroide rico em carbono descoberto em 1999. A rocha espacial é classificada como um "objeto próximo à Terra" porque passa relativamente perto do nosso planeta a cada seis anos, embora as chances de um impacto sejam consideradas remotas.

Imagem do asteroide Bennu capturada pela espaçonave OSIRIS-REx em 2 de dezembro de 2018 a cerca de 24 quilômetros de distância - NASA/Goddard/Universidade do Arizona via Reuters

Aparentemente formado por uma coleção de rochas soltas, como uma pilha de entulho, Bennu mede apenas 500 metros de diâmetro, o que o torna um pouco mais largo do que o Empire State Building, mas minúsculo em comparação com o asteroide Chicxulub, que se chocou com a Terra há cerca de 66 milhões de anos, eliminando os dinossauros.

RELÍQUIA PRIMORDIAL

Assim como outros asteroides, Bennu é uma relíquia do início do sistema solar. Como sua química e mineralogia atuais estão praticamente inalteradas desde que se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos, ele contém pistas valiosas sobre as origens e o desenvolvimento de planetas rochosos como a Terra.

Ele pode até conter moléculas orgânicas semelhantes às necessárias para o surgimento de micróbios.

Há três anos, a missão japonesa Hayabusa2 recuperou amostras de Ryugu, outro asteroide próximo à Terra, contendo dois compostos orgânicos, reforçando a hipótese de que objetos celestes como cometas, asteroides e meteoritos que bombardearam a Terra primitiva semearam o jovem planeta com os ingredientes primordiais para a vida.

A OSIRIS-REx foi lançada em setembro de 2016 e chegou a Bennu em 2018, depois passou quase dois anos orbitando o asteroide antes de se aventurar perto o suficiente para coletar amostras de material solto da superfície com seu braço robótico em 20 de outubro de 2020.

A espaçonave partiu de Bennu em maio de 2021 para um cruzeiro de 1,9 bilhão de km de volta à Terra, incluindo duas órbitas ao redor do Sol.

A cápsula entrou na atmosfera superior a 35 vezes a velocidade do som, cerca de 13 minutos antes do pouso, e brilhou em brasa enquanto se aproximava da Terra. Esperava-se que as temperaturas no interior da espaçonave atingissem 5.000 graus Fahrenheit (2.760 °C).

Os paraquedas foram acionados perto do final da descida, reduzindo a velocidade da cápsula para cerca de 20 km/h (12 mph) antes de aterrissar suavemente no chão do deserto do noroeste de Utah.

A amostra de Bennu foi estimada em 250 gramas, superando em muito os 5 gramas transportados do Ryugu em 2020 ou o minúsculo espécime entregue do asteroide Itokawa em 2010. Mas a quantidade de material entregue no domingo só será quantificada com mais precisão daqui a uma semana.

Uma equipe de recuperação de cientistas e técnicos estava de prontidão para recuperar a cápsula e confirmar se a integridade da espaçonave e do contêiner interno que contém o material do asteroide foi mantida durante a reentrada e o pouso. Seu objetivo era manter a amostra intacta e livre de qualquer contaminação terrestre.

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