Descrição de chapéu The New York Times Natal

Com James Webb, astrônomos conectam Natal com fenômenos cósmicos

Imagens feitas com dados do telescópio da Nasa rementem à época natalina

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Imagem do aglomerado Árvore de Natal feita com dados do telescópio James Webb Nasa/ESA/CSA/STScI/J. Diego (Instituto de Física de Cantabria, Spain), J. D'Silva (U. Western Australia), A. Koekemoer (STScI), J. Summers & R. Windhorst (ASU) e H. Yan (U. Missouri)

Katrina Miller
The New York Times

Para astrônomos que observam as profundezas do Universo, o Natal chegou um pouco mais cedo neste ano.

Usando dados do telescópio James Webb, a Nasa divulgou no mês passado uma imagem do aglomerado chamado de Árvore de Natal, uma coleção piscante de galáxias a 4,3 bilhões de anos-luz da Terra. E na semana passada, uma imagem de Cassiopeia A, os restos de uma estrela que explodiu há 340 anos, também foi revelada pela primeira-dama, Jill Biden, como parte de um novo calendário da Casa Branca.

Essas imagens e outras seguem uma tradição de astrônomos e outros observadores de estrelas conectando a época natalina com fenômenos cósmicos que ocorrem a anos-luz da Terra. Mas também há um caráter científico envolvido em algumas dessas observações.

Quando houve a identificação do aglomerado Árvore de Natal, astrônomos também detectaram 14 estrelas que piscam ao longo de dias ou meses —como as luzes em uma árvore de Natal.

"Ver uma estrela individual em uma galáxia distante é algo importante", disse Haojing Yan, astrônomo da Universidade do Missouri, que liderou o estudo. "Quase como um milagre."

Detectar estrelas distantes costumava ser uma raridade. "Com o Webb, isso se tornou rotina", disse Rogier Windhorst, astrônomo da Universidade Estadual do Arizona, que esteve envolvido na descoberta.

As observações são possíveis devido às camadas de lentes gravitacionais, um efeito pelo qual a gravidade de estruturas no Universo distorce e amplia a luz de objetos no fundo, tornando-os visíveis para os astrônomos. O piscar das estrelas é resultado dessas "lentes" entrando e saindo de foco.

Windhorst chama a atenção para o fato de que a Terra e o Sol têm aproximadamente a mesma idade da luz que chega desse aglomerado cintilante, que, no momento em que a luz foi emitida, já tinha 9 bilhões de anos. Dados sobre estrelas tão distantes ajudam os astrônomos a comparar a composição de vizinhanças galácticas antigas com a daquelas que estão mais próximas de nós, e como nosso Sistema Solar se encaixa no que Windhorst chama de círculo cósmico da vida.

Diferentemente do aglomerado Árvore de Natal, Cassiopeia A está muito mais perto de casa. Os cientistas têm estudado há muito tempo a explosão estelar violenta e outras semelhantes a ela para descobrir seu papel na evolução cósmica.

"Eles ajudam as galáxias a crescer", escreveu Danny Milisavljevic, astrofísico da Universidade Purdue que estuda Cassiopeia A, em um email. Os remanescentes de supernova também criam os elementos necessários para sustentar a vida, como "o oxigênio que respiramos, o ferro em nosso sangue, o cálcio em nossos ossos."

Localizada a 11 mil anos-luz da Terra, Cassiopeia A tem sido observada por uma variedade de telescópios espaciais em comprimentos de onda visíveis, de raios X e infravermelhos. Mas a nova visão infravermelha do Webb oferece um retrato melhor.

Em abril, a Nasa divulgou uma imagem do remanescente de supernova usando o instrumento de infravermelho médio do telescópio. A última foto utiliza a câmera de infravermelho próximo do Webb, que capturou gás, poeira e moléculas irradiando em temperaturas mais quentes.

As estruturas cor-de-rosa e laranja, envoltas em material esfumaçado contra um fundo brilhante de estrelas, assemelham-se a um enfeite pendurado em um galho de árvore.

"Há dois anos, Webb foi lançado perfeitamente na manhã de Natal", disse Milisavljevic. "Na época, eu pensei que era o melhor presente de Natal de todos." Mas o telescópio, acrescentou ele, "é o presente que continua dando".

Muito antes do lançamento do James Webb, os astrônomos frequentemente encontravam o espírito sazonal no espaço.

Em 2008, o Observatório Europeu do Sul compartilhou uma imagem de um aglomerado de estrelas que se assemelha aos enfeites brilhantes que você pode colocar em uma árvore de Natal. Capturado pelo Observatório de La Silla, no Chile, o aglomerado está espalhado entre nuvens carmesins de gás. Na parte inferior da imagem está a Nebulosa do Cone, nomeada de forma apropriada, uma região de formação de estrelas a cerca de 2.500 anos-luz da Terra.

O Telescópio Espacial Hubble, da Nasa, também espalhou a alegria das festas. Em 2010, a agência espacial divulgou uma imagem de uma bolha vermelha que parecia um enfeite flutuando entre as estrelas.

Essa bolha é gás expelido a milhões de milhas por hora por uma supernova. Os astrônomos acreditam que a explosão foi desencadeada por uma anã branca —o núcleo de uma estrela que ficou sem combustível— se alimentando de material de uma estrela vizinha.

Um ano depois, o Hubble lançou uma imagem deslumbrante de um anjo de neve cósmico: uma estrela em nossa galáxia cercada por "asas" azuis e delicadas de gás quente.

Até mesmo o Cosmos está desejando a você um feliz Natal.

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