Ennio Candotti, físico e fundador do Musa (Museu da Amazônia), morreu nesta quarta-feira (6), aos 81 anos.
O cientista nasceu em Roma, na Itália, em 12 de fevereiro de 1942, filho de Lívio e Maria Stefania. Aos dez anos, ele veio para o Brasil com a família e depois foi naturalizado brasileiro.
Depois de se graduar em física pela USP (Universidade de São Paulo), ele passou dez anos na Europa (entre Itália e Alemanha) estudando outras áreas, como geografia, história, ciências sociais e antropologia. Voltou ao Brasil em 1974 para ajudar na organização do Instituto de Física do Rio de Janeiro, seu primeiro passo no mundo científico nacional.
Candotti era presidente de honra da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e presidiu, de fato, a entidade de 1989 a 1993 e, também, de 2003 a 2007.
Em 1998, ele recebeu o Prêmio Kalinga, da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), de popularização da ciência.
Trata-se do prêmio mais antigo da instituição, datando de 1951, para pessoas ou entidades que, pelas contribuições significativas na popularização científica, "contribuíram para reduzir a distância entre a ciência e a sociedade".
Em 2002, Candotti fundou a International Union of Scientific Communicators, associação de comunicação científica com sede em Mumbai, na Índia, ao lado de cientistas locais e de outros países.
Em postagem na rede X, antigo Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou solidariedade aos familiares, amigos e alunos e disse que Candotti "sempre foi comprometido com o desenvolvimento cientifico brasileiro e a preservação do meio ambiente".
O Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), em nota, aponta a atuação do pesquisador "em prol das questões amazônicas foi incansável ao longo de 15 anos, sendo um defensor apaixonado pelo estudo e preservação da biodiversidade da região".
Em nota de pesar, a Ufam (Universidade Federal do Amazonas) classifica Candotti como "um dos maiores expoentes da ciência na atualidade".
A Finep também divulgou nota sobre a morte do cientista. "A Ciência brasileira está de luto", diz o texto.
A ideia para criação do Musa surgiu durante uma reunião da SBPC, em 2007, em Belém, quando o físico chefiava a entidade. Candotti, na ocasião, sugeriu a criação de um museu na floresta. Foi então convidado para cuidar da criação e direção do museu.
O Musa foi fundado dois anos depois. Em 2011, um pedaço da Reserva Florestal Adolpho Ducke foi cedida para a criação do Musa. O museu recebeu, em 2013 e 2014, verba do Fundo Amazônia, o que possibilitou a construção de laboratórios, trilhas e a conhecida torre de observação do Musa de 42 metros.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.