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Tempestade solar ameaça redes elétricas e sistemas de navegação

Efeitos de erupções no Sol estão previstos para chegar à Terra entre o fim desta sexta e o próximo domingo

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Brian K. Sullivan
Bloomberg

Uma tempestade solar neste fim de semana ameaça desencadear apagões, afetar sistemas de navegação e derrubar rádios de alta frequência ao redor do mundo.

Esta é a primeira vez desde janeiro de 2005 que o Centro de Previsão do Clima Espacial dos Estados Unidos emitiu um aviso de tempestade geomagnética G4 —o segundo mais alto em uma escala de cinco níveis—, conforme múltiplas ondas de energia solar se aproximam do planeta.

Os efeitos das cinco erupções solares estão previstos para chegar à Terra entre o fim desta sexta-feira (9) e o próximo domingo (12). "Ocorrência nesse nível são muito raras", disse o centro americano.

Durante essas erupções, partículas energéticas são emitidas e viajam com velocidades muito próximas à da luz, aumentando o nível de radiação.

As erupções liberam ainda as ejeções de massa coronal (CME, em inglês). Estas nuvens de plasma, que viajam por mais tempo no espaço, têm campo magnético intenso e, quando interagem com o campo magnético da Terra, provocam as tempestades geomagnéticas.

As pessoas estarão protegidas pelo campo magnético da Terra. Mas redes elétricas despreparadas podem ser interrompidas, dutos, carregados com corrente, e espaçonaves, desviadas de curso.

A última vez que o nosso planeta foi atingido pelos efeitos de uma tempestade G5 —a pior na escala— foi em outubro de 2003, causando quedas de energia na Suécia e danificando transformadores na África do Sul.

O real impacto da tempestade será conhecido cerca de 60 a 90 minutos antes de as ondas de energia solar atingirem a Terra, à medida que os satélites medem as rajadas de energia.

Em partes da Ásia, da Europa e da América do Norte poderá ser vista uma aurora polar, de acordo com o UK Met Office, o serviço de meteorologia britânico. É provável que o fenômeno seja visível em todo o Reino Unido.

Além disso, voos transpolares entre a Europa, Ásia e América do Norte provavelmente serão redirecionados para evitar que passageiros e tripulações tenham uma maior exposição à radiação.

O Sol, que passa por um ciclo de 11 anos no qual o número de manchas solares aumenta e diminui, está se aproximando do pico do atual ciclo, que começou em dezembro de 2019.

Confira os impactos das tempestades geomagnéticas na Terra:

G1 (MENOR) - FREQUÊNCIA DE 1.700 CASOS POR CICLO DE 11 ANOS DO SOL

  • Sistemas de energia: flutuações fracas na rede elétrica podem ocorrer.
  • Operações espaciais: possível impacto menor nas operações de satélite.
  • Outros sistemas: animais migratórios são afetados nesses níveis e acima; aurora é comumente visível em altas latitudes (próximas ao polo norte).

G2 (MODERADO) - FREQUÊNCIA DE 600 POR CICLO

  • Sistemas de energia: sistemas de energia em altas latitudes podem apresentar alarmes de voltagem e tempestades de longa duração podem causar danos a transformadores.
  • Operações de espaçonaves: ações corretivas na orientação podem ser necessárias pelo controle terrestre; possíveis mudanças na resistência do arrasto afetam as previsões de órbita.
  • Outros sistemas: a propagação de rádio de alta frequência pode enfraquecer em latitudes mais altas, e auroras foram vistas tão baixas quanto Nova York e Idaho (tipicamente a 55° de latitude geomagnética).

G3 (FORTE) - FREQUÊNCIA DE 200 POR CICLO

  • Sistemas de energia: correções de tensão podem ser necessárias, alarmes falsos podem ser acionados em alguns dispositivos de proteção.
  • Operações espaciais: pode ocorrer carga superficial em componentes de satélite; o arrasto pode aumentar em satélites de órbita baixa da Terra e correções podem ser necessárias para problemas de orientação.
  • Outros sistemas: pode ocorrer navegação por satélite intermitente e problemas de navegação por rádio de baixa frequência; o rádio de alta frequência pode ser intermitente e auroras foram vistas tão baixas quanto Illinois e Oregon (tipicamente a 50° de latitude geomagnética).

G4 (SEVERO) - FREQUÊNCIA DE 100 POR CICLO

  • Sistemas de energia: possíveis problemas generalizados de controle de tensão e alguns sistemas de proteção podem desligar erroneamente a rede.
  • Operações de espaçonaves: podem ocorrer problemas de carga e rastreamento na superfície, correções podem ser necessárias para problemas de orientação.
  • Outros sistemas: correntes induzidas em dutos afetam medidas preventivas; propagação de rádio de alta frequência esporádica, navegação por satélite degradada por horas, navegação por rádio de baixa frequência interrompida e aurora foi vista tão ao sul quanto Alabama e norte da Califórnia (tipicamente a 45° de latitude geomagnética).

G5 (EXTREMO) - FREQUÊNCIA DE 4 POR CICLO

  • Sistemas de energia: problemas generalizados de controle de tensão e problemas no sistema de proteção podem ocorrer, alguns sistemas de rede podem experimentar colapso completo ou apagões. Transformadores podem sofrer danos.
  • Operações de espaçonaves: podem ocorrer carregamentos extensivos na superfície, problemas de orientação, comunicação de subida/descida e rastreamento de satélites.
  • Outros sistemas: as correntes em dutos podem atingir centenas de amperes, a propagação de rádio em alta frequência pode ser impossível em muitas áreas por um a dois dias, a navegação por satélite pode ser degradada por dias, a navegação por rádio de baixa frequência pode ficar fora do ar por horas e auroras foram vistas tão ao sul quanto a Flórida e o sul do Texas (tipicamente a 40° de latitude geomagnética).

Fonte: Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA)

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