Alexa Salomão

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Presidente, Deus está vendo a corrupção no MEC

Governo e apoiadores podem negar, mas Deus tudo vê (Hebreus 4:13)

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O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) gosta de embaralhar a agenda de costumes, o discurso de apelo moral e citações bíblicas até para tratar de temas técnicos. Mais recentemente, ele e aliados passaram a fazer correlações entre predileções divinas e a atual gestão, para reforçar como merecem ser reeleitos no pleito deste ano.

Presidente Jair Bolsonaro participa de encontro com lideranças evangélicas no Palácio da Alvorada; referências a Deus ganha destaque no governo - 08.03.22 - Pedro Ladeira/Folhapress

Em 22 de março, em evento no Tocantins, a fala foi clara. "Quero dizer da satisfação e do orgulho, da missão dada por Deus, de estar à frente do Executivo federal, buscando atender a todos os brasileiros, zelando pelo dinheiro público. Estamos há três anos e três meses sem corrupção no governo federal."

A fala ocorreu no dia seguinte à divulgação, pela Folha, do áudio em que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro explica os critérios adotados para organizar a liberação de recursos da pasta. O ministro afirma na gravação que prioriza amigos de pastor a pedido do presidente.

Antes de ser demitido, tentou desdizer o dito. Nota da pasta afirmou que o presidente da República não pedira atendimento preferencial a ninguém. No entanto, hoje não existe dúvida, dada a farta divulgação de reportagens, que se instalou um balcão de negócios no MEC (Ministério da Educação).

Foram inúmeros os relatos de que esses pastores pediram contrapartidas para providenciar a liberação do dinheiro público. Na lista de solicitações veio de tudo, menos critérios técnicos. Ouro, doações para igrejas, compra de bíblias.

O Ministério Público Federal iniciou uma apuração para tentar entender como pastores se tornaram gestores de verbas federais. Nos últimos dias, o Senado trabalha pela instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). O governo tem apoio da bancada evangélica para tentar detê-la.

Qual o nome de tudo isso senão corrupção? Usando a metáfora que agrada ao governo e apoiadores, Bolsonaro e a bancada da Bíblia podem negar, podem até deter as investigações, mas Deus tudo vê. (Hebreus 4:13)

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