Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Branco dribla a Covid

Tetracampeão em 1994, lateral esquerdo conquista um "penta" particular

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Disseram que ele estava acabado. Disseram que ele estava velho e gordo. Disseram que ele já não era o mesmo. Mas Branco deu de novo a volta por cima. Depois de ficar internado com Covid por 18 dias, o craque saiu do hospital e passou ao lado da família a Páscoa e seu aniversário de 57 anos, comemorado no domingo (4).

O ex-jogador Branco, ao deixar o hospital em que estava internado na Zona Sul do Rio, no sábado (3/4) - Reprodução

Na Copa do México, Branco sofreu o pênalti que Zico perdeu, e acabamos desclassificados diante da França. Na da Itália, bebeu a "água batizada" oferecida pelo massagista argentino na partida em que fomos derrotados pelo time de Maradona. Ninguém acreditou quando ele disse que se sentiu tonto. Para a torcida, era desculpa de perdedor. O Mundial dos Estados Unidos era sua última chance para se sagrar campeão.

Em 1994, Branco retornou ao clube onde vivera suas maiores glórias, o Fluminense, após sete anos na Europa —e eu fazia a cobertura das Laranjeiras para o Jornal do Brasil. Fim de treino, ele me levou num canto e disse: "O Oldemário sabe se eu vou ou não à Copa. Você pode perguntar?". Explica-se: o repórter Oldemário Touguinhó era unha e carne com Carlos Alberto Parreira. Uma amizade tão íntima que a relação de trabalho muitas vezes se invertia: era o técnico da seleção brasileira quem telefonava ao jornal para dar informações.

O lendário jornalista desconversou: "Fala pro seu camarada que ele está pensando que eu posso tudo. Não é assim não". Dias depois me passou a curta mensagem que repassei ao Branco com as mesmas palavras: "Vai. Mas na reserva do Leo", referindo-me a Leonardo, lateral esquerdo revelado no Flamengo.

O resto é história das Copas do Mundo. Com a cotovelada e a expulsão de Leonardo no jogo contra os EUA, a seleção ganhou novo titular para pegar os holandeses nas quartas-de-final. O "velhinho" cavou uma falta e mandou um canhotaço para fazer 3 a 2. Branco foi enfim tetracampeão. E agora penta.

O lateral-esquerdo Branco no jogo Brasil 3 x 2 Holanda, na Copa de 1994, nos EUA - Antônio Gaudério/Folhapress

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