Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Assinada por Bolsonaro, mas com digitais de Temer, carta de recuo é enganação

Aguardam-se os próximos capítulos da farsa

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Depois dos atos antidemocráticos no Dia da Independência, caminhoneiros bolsonaristas, muitos dos quais a soldo de empresários do agronegócio, resolveram bloquear as estradas do país. Até quinta-feira (9), mais de cem caminhões continuavam a ocupar a Esplanada dos Ministérios, tentando a derrubada da proteção ao STF, maior alvo dos “protestos”. Para eles, o preço do litro de gasolina ou do tomate na feira não importa. Querem o que o presidente sempre quis: um país fora de controle e uma justificativa para o uso da força.

Em estilo delirante, dopados por mensagens de celular, os caminhoneiros curtiram sua frustração
—o número de manifestantes no Sete de Setembro ficou aquém da expectativa— fazendo terrorismo e preparando o cenário para os próximos capítulos da farsa.

No fundo não sabiam a quem obedecer: se ao líder Zé Trovão, foragido no México, ou se ao próprio Bolsonaro, cuja voz num áudio de Whatsapp eles desconfiavam ser uma imitação barata, uma traição da causa, uma gozação do humorista Marcelo Adnet. Agiram para explicar na prática a teoria de Conrado Hübner Mendes, segundo a qual “o golpe está sendo”. A carta de arrego com digitais de Michel Temer? Enganação.

Nada como ter dinheiro sobrando para viagem, hospedagem, alimentação e baderna. Um grupo enrolado em bandeiras do Brasil e vestindo o uniforme amarelo da CBF quase conseguiu invadir o Ministério da Saúde. Não estavam bêbados. Perseguiam uma repórter da TV Record que identificaram como da TV Globo. Há um significado latente no episódio: a sede da saúde vandalizada pelos seguidores do homem que negou a gravidade da pandemia, não usou máscara, estimulou aglomerações, recomendou invasões de UTI, promoveu um remédio que mata e boicotou a contagem de mortos.

Arthur Lira, o presidente da Câmara, defende a picaretagem. Não fala em impeachment e elogia os fanáticos bem pagos do feriado nacional.

Caminhões bloqueiam a Esplanada dos Ministérios e pressionam por invasão ao acesso ao STF - Vinicius Sassine - 8.set.2021/Folhapress

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