Tabata Amaral

Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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Tabata Amaral

7 de Setembro: o grito dos maus e o silêncio dos bons

Quem diz defender a democracia só tem uma opção: trabalhar pelo impeachment

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Dadas as inúmeras análises sobre as manifestações do dia 7 de setembro, vamos direto ao ponto: não foram tão grandes quanto a base aliada previa, mas tampouco foram insignificantes. Não houve episódios de agressões físicas, porém o discurso e os cartazes incitavam violência. Do começo ao fim, contaram com o encorajamento e protagonismo do presidente, inclusive em seu teor explicitamente golpista.

Quem conhece a trajetória de Bolsonaro não deveria se surpreender com nada disso. O que realmente me indigna, e deveria indignar a todos nós, é a reação tímida fora das ruas. Como diria Martin Luther King, o que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.

Após os atos antidemocráticos, uma parte considerável das nossas lideranças políticas reagiu com... mais notas de repúdio. Algumas mais firmes, outras sem sequer mencionar a palavra “impeachment”. Cartas com falsas promessas de que se buscará a harmonia entre os Poderes. Reuniões, muitas reuniões. Não era o que o Brasil esperava, muito menos de que precisava.

Quem diz defender a democracia precisa dar um basta a isso tudo. O que diria Ulysses Guimarães ao saber que o MDB, que tanto lutou pela redemocratização, abriga líderes do governo Bolsonaro no Senado? Como ficaria Tancredo Neves, o primeiro presidente eleito após o fim da ditadura, ao ver o seu neto pressionando para que o PSDB não apoie o impeachment? E o que o DEM, que se apresenta como representante da direita democrática, tem a dizer sobre os dois ministros que tem no governo e o fiel defensor do presidente que tem na CPI da Covid?

Como sempre, a história tem muito a nos ensinar. Os que apoiaram o golpe de 1964 achando que se dariam bem politicamente —como Adhemar de Barros e Carlos Lacerda— não escaparam da prisão e da cassação. Ditadores não gostam de parlamentares, sejam eles de esquerda, de direita ou do dito centrão.
Diante de tudo o que está acontecendo, só há um caminho possível. Todos os partidos que se dizem comprometidos com a democracia precisam exigir que os seus quadros desembarquem do governo e que o impeachment seja pautado.

Só avançaremos na solução dos nossos inúmeros problemas com Bolsonaro fora do poder. Sem isso, o Brasil continuará nesse ciclo sem fim de crises, com desemprego em alta, gasolina a R$ 7, preços do arroz, feijão e gás nas alturas, nossos jovens sem oportunidades e, para coroar, uma crise política e institucional que agrava todos esses problemas.

Neste domingo (12) estarei na Paulista pelo impeachment de Bolsonaro e espero que todas as lideranças democráticas, nas ruas ou fora delas, estejam nessa luta também.

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