Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

A guerra fria entre Bolsonaro e Mourão

Eleito senador, o general quer liderar a direita no Brasil

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Nos dias de reclusão no Alvorada (ou de conspiração em silêncio?), Bolsonaro notou que Hamilton Mourão está vivo, podendo delegar a ele tarefas protocolares, como receber cartas credenciais de embaixadores estrangeiros que vão atuar no governo Lula 3. Embora seja um protagonismo de café servido frio, é o tipo de consideração que o general não desfrutou como vice-presidente eleito — pois foi logo escanteado.

Um livro que acaba de sair — "Poder Camuflado", em que o jornalista Fabio Victor desnuda a caserna em suas atitudes ideológicas e corporativas, indo do fim da ditadura à aliança com o capitão que virou presidente — mostra que Mourão e Bolsonaro debateram-se numa espécie de guerra fria. Ambos em luta para provar quem merecia ser o herdeiro do coronel-torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.

O vice-presidente Hamilton Mourão e o presidente Jair Bolsonaro conversam durante celebração do Dia do Exército, em quartel-general em Brasília - Evaristo Sa - 19.abr.22/AFP

Não há afinidade na dupla de fardados que optou pela política; só disputa por influência, prestígio e poder. O episódio do convite para que Mourão participasse da aventura eleitoral de 2018 é ilustrativo. Conta Fabio Victor: "Em 5 de agosto, último dia para a definição das chapas, o celular do general tocou às seis e meia da manhã. Era Bolsonaro. ‘Ele me disse: é você, tá okay?, e eu respondi: Tô pronto, vamos lá, pô’. A conversa entre os dois não durou um minuto".

Em sua cuidadosa investigação, o repórter ouviu Maria Joseíta Brilhante Ustra, viúva do coronel reabilitado e, mais que isso, transformado em herói pelo bolsonarismo: "O sonho de Carlos Alberto era ter um filho. Cansava de dizer sobre Mourão: ‘Esse menino podia ser meu filho. Esse menino vai longe’".
Mourão foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul, com mais de 2,5 milhões de votos. Derrotado, Bolsonaro tem destino incerto (talvez a cadeia). Mais do que responder cartas, o general quer liderar a direita no Brasil. Daí seus ataques ao STF e o apoio aos golpistas delirantes, molhados de chuva e violentos.

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