Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Torneio Rio-São Paulo de especulação imobiliária

As duas cidades apostam na verticalização

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"O que estamos construindo, e a história vai mostrar, é a maior revolução urbana da cidade, que muda a lógica do Rio de Janeiro de se expandir".

Um bairrista poderia dizer que, com essa declaração de folheto publicitário, Eduardo Paes está com inveja de São Paulo, que vive desde 2021 um boom imobiliário, com demolições em série de casas para dar lugar a prédios e a controvertida revisão do Plano Diretor, que tende a acelerar o processo e aumentar a verticalização. Na verdade, descontando o complexo de Pereira Passos, o prefeito do Rio tem razão para o otimismo.

Depois de ter sucumbido à ressaca pós-olímpica e à gestão Crivella, o programa Porto Maravilha começa a ganhar cara, embora longe da sonhada Dubai carioca com torres de 50 andares. O que seria um centro financeiro está se transformando em reduto habitacional da classe média. Já são sete os empreendimentos imobiliários de grande porte lançados nos últimos dois anos. O mais recente deles, com 374 apartamentos, projeta a chegada de 16 mil novos moradores.

Projeto de cassino no Porto Maravilha - Divulgação

Candidato à reeleição, Paes investe em duas frentes. Na zona oeste, onde Bolsonaro venceu em 2022, concentram-se as obras; na zona portuária, a vitrine. A prefeitura comprou da União, por quase R$ 30 milhões, o edifício A Noite, na praça Mauá, e pretende renegociá-lo com investidores. O primeiro arranha-céu da América Latina, inaugurado em 1929, poderá virar um residencial —com espantosa vista da Baía de Guanabara— ou um hotel.

Prédios na marginal do rio Pinheiros, em São Paulo - Eduardo Knapp - 26.jul.22/Folhapress

Foi uma bola dentro, mas falta muito para que a região e sobretudo o centro histórico voltem à vida. Em duas palavras, falta gente. Gente que antes lotava o Beco das Sardinhas, na rua Miguel Couto, perto do Porto Maravilha e tão tradicional que usa cardápio escrito na lousa —nada de QR Code. Apesar do apetitoso frango marítimo, as pessoas sumiram de lá. Sentem-se inseguras diante do estado de abandono nas redondezas.

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