Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

O patriotismo seletivo dos bolsonaristas

Eles sentem-se traídos pelo Exército e desistem do 7 de Setembro

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Tal e qual acontece no Carnaval, este Sete de Setembro não será igual àqueles que passaram. Não haverá, como em 2021, o discurso presidencial com ameaças à democracia, promessas de desobediência à Justiça e o aviltamento das eleições, chamadas de "farsa". Ou, como no ano passado, o espetáculo circense, com um homem vestido de periquito e o crânio rapado, ocupando a tribuna de honra e constrangendo o presidente de Portugal.

De semelhante, só as cores verde e amarela, que continuarão em alta, mas utilizadas para mostrar que não foram capturadas em definitivo pelo bolsonarismo. O desfile de tanques e aviões fumacentos continua, embora o governo aposte num ambiente menos poluído. Com o slogan Democracia, Soberania e União, vai usar a data como tentativa de reverter a partidarização das Forças Armadas. Resta saber se elas estão de acordo.

O momento é confuso. Lula decidiu enviar ao Congresso uma PEC que proíbe militares da ativa de disputar eleições. O texto incluía a proibição de nomear integrantes da caserna para cadeiras da Esplanada, mas a proposta acabou retirada após um pedido do ministro da Defesa, José Mucio. Atendendo à demanda de comandantes das Forças, que apontam insatisfação de praças e oficiais, Mucio está batalhando para dar um aumento salarial de 9% aos militares.

Na tensão do jogo político, difícil de contornar é a lembrança, sempre reanimada com novas revelações, da união da cúpula do Exército com Bolsonaro na trama golpista contra as urnas, na intentona de 8 de janeiro e até no esquema internacional de lavagem de dinheiro.

Incrível é que os patriotas, agora seletivos, não querem exaltar o Sete de Setembro: organizam uma campanha do tipo "fique em casa". Com o capitão fora do páreo, desistiram de sair às ruas com camisetas "Ustra Vive" e cartazes pedindo intervenção militar e o fim do comunismo. Sentem-se traídos pelo Exército.

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Frederick Wassef no Sete de Setembro de 2022, na avenida Paulista - Mathilde Missioneiro/Folhapress

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