Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Bagunçada, CPI do golpe acaba em X-tudo

Aliados de Lula fizeram acordo para poupar as Forças Armadas

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Cinco meses depois de ter sido instalada no Congresso para mexer em um arsenal com alto poder explosivo, a CPI do 8/1 vai terminar ao som de um estalinho de festa de São João. Bolsonaro —que no relatório da senadora Eliziane Gama deverá ser apontado como autor intelectual da tentativa de golpe contra Lula— nem sequer foi convocado para prestar esclarecimentos ou usar o direito de se defender.

O escanteio ao ex-presidente —já punido com a inelegibilidade— norteou a estratégia do governo de não dar palanque à tese bolsonarista de que a invasão das sedes dos Três Poderes foi uma arapuca petista. Num acordo entre o ministro da Defesa, José Múcio, e o atual comandante do Exército, Tomás Paiva, as Forças Armadas foram poupadas do confronto.

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O ex-ministro de Bolsonaro, General Heleno, depõe na CPI do 8 de janeiro - Gabriela Biló /Folhapress

Fardado, o tenente-coronel Mauro Cid, faz-tudo de Bolsonaro, chegou mudo, saiu calado. O general Braga Netto —íntimo dos acampados em frente aos quartéis— escapou de depor. Aliados de Lula não se esforçaram para chamar o almirante Almir Garnier, que teria topado o golpe. Ao suspender a quebra dos sigilos de Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, o ministro Nunes Marques, do STF, deu uma força para que tudo ficasse como dantes nas casernas de Abrantes.

Sem saída, o general Heleno compareceu, estragando o arranjo protetor. Sua encenação, com desqualificações, recuos, descuidos e uso de palavrões de alto coturno, conseguiu o impossível: arranhar ainda mais a imagem dos militares. A participação dos chamados "kids pretos", grupo de elite do Exército, poderá ser citada no relatório.

Ao fim e ao cabo, a festa política trocou o cardápio. Não acabará em pizza; pela bagunça, está mais para X-tudo de barraquinha. Pois todos sabem que a investigação para valer está nas mãos da PF. Eis a mais recente descoberta: Bolsonaro exigiu que na minuta golpista constasse o nome de Alexandre de Moraes —com a ordem de sua prisão.

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