Descrição de chapéu Governo Lula forças armadas

Novo comandante do Exército, Tomás Paiva, é visto com maior traquejo político

Atualmente no comando militar do Sudeste, ele tem na biografia proximidade com tucanos e passagem na chefia de gabinete de Villas Bôas

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Brasília

O novo comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, 62, é considerado na capital federal como um militar com maior traquejo político, incluindo a proximidade com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ajudante de ordens, e com o atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).

Atual comandante militar do Sudeste (responsável por São Paulo), ele chegou em 2019 ao posto de general de Exército, o mais alto da carreira, passando a integrar o Alto-Comando da Força.

Tomás Paiva está na linha sucessória natural, sendo o mais antigo detentor de quatro estrelas do Alto-Comando, ao lado de Valério Stumpf.

Homem branco fardado, na foto aparece apenas seu rosto e busto, sua feição é séria
O general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante militar do Sudeste e escolhido por Lula para ocupar o posto de comandante do Exército - Divulgação - 26.jul.21/Exército Brasileiro

Em 2022, quando havia tentativas de contato com o Exército por parte de petistas, que então lideravam a corrida presidencial com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o nome de Tomás era citado nos bastidores como uma das possíveis pontes.

Neste sábado (21), Lula demitiu o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, do posto de comandante do Exército em meio a uma crise de confiança aberta após os ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília.

Nesta quarta-feira (18), Tomás havia feito um discurso incisivo de defesa da institucionalidade, pedindo o respeito ao resultado das eleições e afirmando o Exército como apolítico e apartidário. Tudo isso em meio ao impacto dos ataques golpistas de 8 de janeiro.

O discurso foi feito após Arruda ter reunido, também na quarta-feira, o Alto-Comando da Força para fazer a primeira reunião da cúpula do Exército após os atos golpistas de 8 de janeiro, com a invasão e depredação às sedes dos Três Poderes.

No encontro, segundo relatos de generais ouvidos pela Folha, Arruda defendeu o reconhecimento da vitória de Lula e fez discurso em favor da hierarquia, disciplina e controle sobre as tropas.

O tom de Arruda foi semelhante ao adotado por Tomás horas depois, na conversa com a tropa. Generais têm se queixado, nos bastidores, se a divulgação do discurso foi um ato premeditado de Tomás diante da fritura pela qual Arruda vinha passando nas últimas semanas.

Tomás, como é chamado, já havia sido cotado para o cargo, mas alguns petistas temiam que sua grande capacidade de articulação o tornassem numa força independente, assim como Eduardo Villas Bôas foi quando escolhido por Dilma Rousseff (PT) no fim de 2014 —o ex-comandante foi o artífice da volta dos fardados à política.

Tomás foi chefe de gabinete de Villas Bôas.

O discurso de Tomás desta quarta foi feito durante uma cerimônia no QGI (Quartel-General Integrado), em São Paulo, em homenagem aos militares mortos em 12 de janeiro de 2010 durante um terremoto no Haiti e que integravam o 11º contingente da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti).

Entre outras atuações no Exército, Tomás foi também subcomandante da Minustah. O vídeo do discurso foi divulgado nas redes sociais do Comando Militar do Sudeste nesta sexta (20).

Tomás afirmou, sem citar o nome de Lula, que "não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito". Disse também que ainda que houvesse um "turbilhão, terremotos, tsunamis", continuarão coesos, respeitosos e garantindo a democracia.

Em outro trecho, afirmou: "Quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar. É isso que se faz. Essa é a convicção que a gente tem que ter. Mesmo que a gente não goste".

"Nem sempre a gente gosta. Nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel de quem é instituição de Estado. Instituição que respeita os valores da pátria, como de Estado", completou.

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