Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu violência guerra israel-hamas

Guerra lá, guerra aqui

O horror no Oriente Médio magnetiza atenções, enquanto o nosso não para

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A partir da década de 1970 o Rio cresceu em direção à Barra da Tijuca, bairro mais ou menos planejado que oferecia, além da beleza natural de praias e lagoas, o conceito publicitário da segurança em condomínios fechados e shoppings. Uma espécie de paraíso para a classe média alta. Hoje o perigo mora ao lado.

Na semana passada, a Polícia Federal apreendeu 47 fuzis e centenas de munições calibre 556 escondidos numa mansão de um condomínio de luxo, na Barra. O arsenal veio de Belo Horizonte para abastecer traficantes de drogas, milicianos e bicheiros que estão em guerra na região. O que seria uma ilha de tranquilidade se transformou em palco de assassinatos brutais –como os que vitimaram por engano três médicos num quiosque.

Quem mora na Barra e no Recreio dos Bandeirantes se acostumou a ver comboios de três veículos, de cor preta e vidros cobertos por película escura. Dentro não vão executivos nem autoridades; estão os chefes do crime organizado, responsáveis por uma estatística que iguala a Baixada de Jacarepaguá à Baixada Fluminense no imaginário da violência. O número de homicídios quase triplicou entre janeiro e agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2022.

É a prova de que tráfico e milícia, infiltrando-se na estrutura do Estado, agem livremente. A política de segurança do governador Cláudio Castro só parece eficaz para produzir chacinas em favelas. Estima-se que haja 56 mil traficantes e milicianos no Rio, com 28 mil fuzis a seu dispor. Nos últimos cinco anos, 114 crianças foram baleadas; 32 morreram. Um sofrimento imenso das famílias que, no calor da primeira hora, afeta a população em geral. Aos poucos, a dor coletiva vai sendo esquecida ou substituída por outra.

No momento, o horror do conflito no Oriente Médio magnetiza todas as atenções, sobretudo as ideológicas. Mas nossa guerra –permanente e gradual– não dá trégua.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.