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Mulheres inglesas lutam para fazer aborto em casa

Interrupção de gravidez é legal desde 1967, mas só pode ser feita em clínica ou hospital

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Manifestante contrária à legalização do aborto protesta em frente à primeira clínica que realizava interrupções de gravidezes em Belfast, na Irlanda do Norte, em 2012
Manifestante contrária à legalização do aborto protesta em frente à primeira clínica que realizava interrupções de gravidezes em Belfast, na Irlanda do Norte, em 2012 - Peter Morrison - 18.out.12/Associated Press

Vários grupos de defesa dos direitos das mulheres estão fazendo uma forte campanha na Inglaterra para que elas possam abortar em casa.

O aborto é legal no país desde 1967, mas a legislação inglesa ainda exige que todos os procedimentos abortivos sejam feitos num hospital ou clínica especializada.

Por conta das normas escritas há mais de 50 anos, as mulheres inglesas são obrigadas a se deslocar para as clínicas mesmo nos casos em que podem simplesmente tomar pílulas para interromper a gravidez nos primeiros meses.

Trata-se de um procedimento muito simples. A mulher tem que tomar duas pílulas, com uma diferença de cerca de 48 horas entre elas.

O aborto começa cerca de 30 minutos depois da ingestão da segunda pílula. Mas as mulheres costumam ser liberadas das clínicas assim que tomam a última medicação.

Afinal, a legislação exige a presença de uma enfermeira no momento da ingestão da pílula. Mas não há nenhuma necessidade de internação ou de acompanhamento médico nesses casos.

Como resultado, muitas começam a sentir os feitos do aborto —incluindo sangramentos, náuseas e fortes cólicas— no táxi, ônibus ou trem a caminho de casa.

Para evitar o constrangimento e o desconforto, muitas inglesas passaram a comprar ilegalmente as pílulas pela internet. Nestes casos, não há nenhuma garantia da qualidade do medicamento.

As autoridades de saúde da Escócia e do País de Gales, que assim como a Inglaterra e a Irlanda do Norte formam o Reino Unido, já resolveram o problema e liberaram o uso das pílulas em casa.

Nos dois países, as mulheres podem procurar as clínicas e lá obtém as duas pílulas depois de uma consulta médica. A primeira é tomada na própria clínica e a segunda, em casa, onde o aborto acontece.

Mas na Inglaterra essa decisão ainda não foi tomada e os grupos de mulheres passaram a pressionar o governo para agir.

O Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (Colégio Real de Obstetras e Ginecologistas) também decidiu apoiar esses grupos de direitos das mulheres.

O presidente do RCOG, Professor Lesley Regan, afirmou recentemente que as mulheres deveriam ter liberdade para tomar a segunda pílula em casa.

“Nós sabemos que esse procedimento em casa é seguro, muito eficiente e que as mulheres o preferem”, disse ele, ao pedir que o governo revise a legislação.

A Organização Social da Saúde (OMS) também defende a prática em casa.

O novo ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, está agora sob pressão para decidir se o procedimento será liberado para as inglesas da mesma forma que foi para as escocesas e galesas —onde as autoridades locais decidiram fazer a mudança sem consultar Londres.

É provável que a norma seja alterada. Ela manteria a segurança das mulheres e acabaria com a diferença de procedimentos entre as diversas partes do Reino Unido.

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