Ana Cristina Rosa

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

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Ana Cristina Rosa
Descrição de chapéu Todas desigualdade de gênero

O problema crônico que impede políticos de ver negros e mulheres como opções viáveis

Triste ouvir do presidente Lula o absurdo de que a participação de mulheres e pretos no governo se deve à escassez de opções.

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Triste e difícil ouvir do presidente Lula, eleito com o voto dos negros e das mulheres, o absurdo (para não dizer a desculpa esfarrapada) de que a irrisória participação de mulheres, pretos e pardos no governo federal se deve à escassez de opções. Sinceramente...

A predominância de homens brancos nos postos de comando do governo está mais relacionada ao desinteresse político de enfrentar a disparidade de gênero e o racismo institucional do que ao tamanho da "oferta" de mulheres, pretos e pardos com "participação política histórica mais contundente".

E, para além da atuação política, há muitas mulheres e muitos intelectuais negros brilhantes. Pessoas altamente qualificadas e experientes em diversas áreas do conhecimento que poderiam contribuir para ampliar a visão sobre as políticas públicas necessárias para o desenvolvimento do país.

Presidente Lula discursa durante lançamento de medidas pela igualdade racial no Palácio do Planalto, em Brasília - Lucio Tavora - 20.nov.23/Xinhua

É fato que o contingente de brasileiros pretos e pardos com educação formal é desproporcional à demografia. Uma realidade trágica, que resulta de mais de três séculos de escravização.

Contudo, os ventos são de mudanças. O acesso da população negra à universidade aumentou exponencialmente nos últimos 12 anos com a lei de cotas. Negros agora representam metade dos acadêmicos e o número de professores pretos e pardos nas universidades cresceu.

Mas um "problema crônico" impede lideranças políticas (inclusive as situadas à esquerda do espectro) de enxergar os negros (em geral) e as mulheres (em particular) como opções viáveis.

Vale lembrar que "gênero e cor da pele" não são critérios considerados (ao menos não eram até bem pouco tempo) para a nomeação de alguém para uma atividade relevante na esfera pública federal —especialmente se o cargo em questão for vitalício.

O presidente tem razão quando diz que precisa de um governo que tenha a cara do Brasil. Mas não se trata de falta de opção.

Fez lembrar versos de Tom e Vinícius: "Tristeza não tem fim/Felicidade sim".

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