Ana Cristina Rosa

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ana Cristina Rosa
Descrição de chapéu Todas Imigração alemã, 200

200 anos de desigualdades

Imigração alemã é uma oportunidade para refletir sobre o passado e repensar o futuro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Os 200 anos da imigração alemã para o Brasil são uma oportunidade para refletir sobre o passado e repensar o futuro. A data da chegada dos 39 primeiros colonos a São Leopoldo (RS), berço da imigração alemã, é 25 de julho, também Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela (líder quilombola).

Por ironia, a celebração da história de esperança e superação de um povo estrangeiro que fugiu de guerras e da pobreza em busca de uma vida melhor expõe as desigualdades perpetradas pelo Estado com o racismo institucional e o massacre indígena no Novo Mundo.

Nesse sentido, é muito interessante o documentário produzido pela Deutsche Welle (DW), TV pública alemã, sobre o bicentenário. O vídeo aborda a história a partir da perspectiva de uma família de imigrantes e, sem romantizar, tira o europeu do papel de herói, expondo capítulos carregados de "sonhos e traumas para lados e povos distintos".

Relógios antigos na parte interna do Museu Visconde de São Leopoldo, que está em manutenção depois que a enchente alagou o local - Carlos Macedo - 10.jul.2024/Folhapress

No último país das Américas a abolir a escravização, o progresso e o desenvolvimento foram associados ao clareamento do povo. A diversidade populacional era vista como problema e o Estado decidiu atrair europeus oferecendo vantagens como terras e isenção de impostos.

Enquanto isso, os negros foram excluídos e estereotipados como seres desprovidos de saberes, e alijados de direitos. A chegada dos imigrantes resultou ainda na apropriação de terras e no massacre de povos indígenas que viviam na Região Sul. O governo de SC chegou a contratar mercenários (os "bugreiros") para dizimar a população originária, que foi reduzida em dois terços.

Não que a vida dos imigrantes alemães tenha sido fácil. E com certeza a chegada deles impulsionou nosso progresso. Mas não dá para seguir passando pano em crimes cometidos pelo Estado. A precariedade de vida de milhões de pretos, pardos e indígenas brasileiros é consequência também da política de imigração do século 19. E isso não dá mais para negar.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.