Antonio Delfim Netto

Economista, ex-ministro da Fazenda (1967-1974). É autor de “O Problema do Café no Brasil”.

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Apesar de tudo, forte crescimento

Recuperação cíclica da economia continua a surpreender positivamente

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A recuperação cíclica da nossa economia continua a surpreender positivamente. Números recentes do PIB reforçam o quadro que vinha sendo desenhado por outros indicadores nos últimos meses. Tudo isso a despeito da algazarra política patrocinada por Bolsonaro.

A qualidade dos resultados do PIB também é boa, com aumento robusto das taxas de poupança (o maior desde 2000) e de investimento (mesmo quando se expurgam os efeitos das importações de plataformas de petróleo). Ainda que a economia fique paralisada no resto de 2021, os dados do primeiro trimestre já asseguram crescimento de 4,9% no ano. Assim, as contas para o crescimento voltam a ser refeitas para incorporar, também, um cenário externo ainda mais favorável pela surpresa positiva no nível de atividade nas economias maduras e pelo forte ciclo de commodities em curso.

Os menos otimistas argumentam que a pandemia deixará cicatrizes. A recuperação do emprego, principalmente dos mais pobres e dos trabalhadores menos qualificados, será lenta, e as desigualdades de oportunidades foram reforçadas neste período. Isso é verdade e deve permanecer alvo das políticas públicas, mas não impede que os dados recentes possam --e devam-- ser celebrados, ainda que não apaguem nossos problemas estruturais.

A agenda para elevar o potencial de crescimento é extensa e conhecida. Embora o Brasil tenha desaprendido a crescer nas últimas décadas, num processo de empobrecimento relativo acelerado, baixo crescimento não é destino. Crescer depende da nossa capacidade de concretizar as políticas de elevação da produtividade, codinome do crescimento econômico.

Há, porém, uma visão sobre o desenvolvimento que recebe menos atenção. O grande historiador econômico Stephen Broadberry sugere que, no longo prazo, países com melhor desempenho econômico são aqueles que experimentam "crescimento negativo" com menor frequência e magnitude. Eles não seriam tão diferentes nos períodos de expansão.

É uma sugestão interessante para um país que encolhe com frequência maior do que gostaríamos, não apenas por crises externas mas por equívocos autoimpostos, como na crise de 2015/2016, que marcou nossa pior década de crescimento econômico. Talvez uma primeira tarefa para o Brasil seja reduzir sua pontuação na escala do "bobajômetro".

Lamento profundamente a perda de um dos maiores conhecedores das finanças públicas brasileiras, Ribamar Oliveira. O Brasil perde um jornalista absolutamente profissional. Meus sentimentos aos amigos e à família.

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