Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Caso da Secom mostra que vícios privados são parte da rotina do governo

Bolsonaro foge de explicações e dá guarida a episódio típico de conflito de interesses

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Alguém deve ter entendido mal quando os liberais de conveniência da equipe de Jair Bolsonaro passaram a incentivar parcerias entre empresas e o poder público. Dentro do Palácio do Planalto, vícios privados já fazem parte da rotina.

Os repórteres Fábio Fabrini e Julio Wiziack revelaram que o chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência tem uma empresa que recebe dinheiro de emissoras e agências de publicidade que faturam milhões com a pasta comandada por ele.

Em outras palavras: quando assumiu o cargo, em abril, Fabio Wajngarten passou a ser o cara que assina contratos que rendem fortunas para seus próprios clientes. Ele se recusou a fazer o óbvio e romper relações comerciais entre sua empresa e os fregueses interessados na dinheirama que passou a controlar.

Fabio Wajngarten, chefe da Secom, e Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio da Alvorada, em Brasília
Fabio Wajngarten, chefe da Secom, e Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio da Alvorada, em Brasília - Ueslei Marcelino/Reuters - 19.nov.2019

Seria difícil inventar um caso mais típico de conflito de interesses. Agentes públicos devem se manter afastados de transações privadas porque cabe a eles zelar pela coisa pública com rigor absoluto. Mesmo que o secretário não tenha favorecido essas empresas, seu vínculo com elas deixa brechas para questionamentos.

Wajngarten afirma que se afastou da administração da empresa. O problema é que ele continua lucrando com seus negócios. Para piorar, dois clientes antigos da firma são Record e Band, emissoras que tiveram um salto no faturamento publicitário com o governo depois que Bolsonaro assumiu o poder.

Diante de uma incompatibilidade tão evidente, o governo recorreu a sua arma mais comum, o ataque à imprensa. Afirmou que a Folha faz mau jornalismo, provavelmente por ter revelado uma relação que o presidente preferiria manter oculta.

Bolsonaro fugiu de uma entrevista coletiva quando ouviu uma pergunta sobre o tema. Na prática, deu guarida ao auxiliar. Já o ministro Luiz Ramos (Secretaria de Governo) disse que aquela era uma maldade contra Wajngarten. Ninguém explicou como um homem público pode ganhar dinheiro de empresas que são pagas com recursos do contribuinte.

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