Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro faz cálculo político desesperado ao menosprezar coronavírus

Em atitude irresponsável, presidente se preocupa com efeitos da crise sobre seu poder

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Jair Bolsonaro fez um cálculo político desesperado e irresponsável ao insistir no menosprezo ao coronavírus. Enquanto líderes de outros países tomavam medidas preventivas amargas, o brasileiro se preocupava com a própria cadeira.

A ficha demorou alguns dias para cair. No início, o presidente ecoava negacionistas que diziam que a crise era uma fantasia. Depois, percebeu que a desaceleração econômica causada pela pandemia teria impacto direto sobre seu poder.

Traumatizado pelo pibinho do ano passado, Bolsonaro continuou reclamando de reações que considerava exageradas, mas também passou a dar contornos políticos às restrições impostas para conter o vírus.

"É essa a preocupação que eu tenho. Se a economia afundar, afunda o Brasil. Se afundar a economia, acaba com meu governo. É uma luta de poder", confessou, em entrevista à rádio Bandeirantes, na segunda (16).

Bolsonaro indica que desprezou riscos sanitários porque pretendia se esquivar da responsabilidade pelos trancos no PIB. Repetiu exaustivamente o slogan da histeria e acusou governadores de tomarem medidas que assustaram a população, freando a atividade econômica.

Quase todos os grandes países reduziram suas estimativas de crescimento depois da explosão do coronavírus, mas o presidente busca um culpado doméstico de carne e osso.

O esfriamento da economia será mesmo dramático. Bolsonaro teria razão em se preocupar com seus efeitos sobre os cidadãos mais pobres, mas parece mais aflito com os impactos políticos. Enquanto ele diz que a crise é superdimensionada, o ministro da Saúde afirma que o país terá três meses de "muito estresse".

Em vez de observar protocolos adotados por outros países e buscar dados que possam embasar uma resposta direta, Bolsonaro procura interpretações que se encaixem à força em suas convicções originais.

O presidente apostou que a economia salvaria um governo incompetente. Agora, ele se recusa a reconhecer que seu cavalo está doente.

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