Notícias do território separatista da terceira via: o senador Rodrigo Pacheco desistiu de concorrer ao Planalto e deve ser substituído pelo governador gaúcho Eduardo Leite como presidenciável do PSD. Com o anúncio, sai um candidato que marcava 1% nas pesquisas e entra um nome que marca, no máximo, 3%.
A troca tem tudo para deixar a disputa eleitoral exatamente como está, mas também revela uma dificuldade crescente na faixa do mercado político que ainda tenta se espremer entre Lula e Jair Bolsonaro.
A busca do PSD por um candidato reserva realça a ideia de que o partido não está na corrida para valer. O lançamento de Pacheco era visto como uma manobra para evitar o alinhamento de políticos da sigla com o PT ou com o bolsonarismo ainda no primeiro turno. É difícil acreditar que Leite seja escalado para desempenhar um papel muito diferente.
A insistência da legenda de Gilberto Kassab em lançar mais um candidato também foi interpretada por partidários da terceira via como uma maneira de tumultuar esse espaço e facilitar a vida de Lula. A teoria faz sentido, mas sugere que o potencial de votos nesse campo é tão escasso que até a entrada de um novo nanico deve ser encarada como ameaça.
O clima árido fez com que potenciais eleitores desse grupo voltassem a se aninhar com Bolsonaro nos últimos meses. O terreno para uma candidatura alternativa só deve se alargar caso algum novo elemento abale o presidente –algo que as pressões econômicas decorrentes da guerra na Ucrânia podem provocar.
Ainda que o caminho apareça, é mau sinal para esse ajuntamento que, com tantos nomes estagnados, a busca por candidatos seja marcada por tantos movimentos de agitação, especulação ou pura torcida.
Em entrevista exibida nesta semana, o jornalista Pedro Bial perguntou a Joaquim Barbosa se ele entraria no páreo para derrotar Bolsonaro, dado o "fracasso até agora da terceira via". Embora tenha apontado obstáculos, o ministro aposentado do STF respondeu: "Em princípio, sim".
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