Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian
Descrição de chapéu ameaça autoritária

Bolsonarismo leva tumulto dos anos de governo para a oposição

Se Bolsonaro sempre apostou no golpismo, não há por que acreditar que fará oposição de forma civilizada

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Por quatro anos, Jair Bolsonaro se dedicou a tumultuar o ambiente político. Tentou atropelar as regras do jogo, atacou órgãos de controle, atuou para deslegitimar adversários, alimentou personagens extremistas de seu campo, espalhou desinformação, buscou corroer a confiança nas eleições e nutriu ameaças recorrentes de um golpe militar.

Se Bolsonaro usa essas ferramentas enquanto tem o poder nas mãos, não há por que acreditar que ele passará à oposição de maneira civilizada. Mesmo antes da saída do presidente do cargo, o bolsonarismo dobrou a aposta em sua rede de mentiras, na deterioração do sistema democrático e numa investida permanente contra as instituições.

Um dos marcos da nova etapa é a sustentação da falsa teoria de que a derrota de Bolsonaro nas urnas foi provocada por uma conspiração contra o capitão. Ainda que o presidente tenha recomendado que manifestantes golpistas desbloqueassem rodovias, ele e seus companheiros na cúpula das Forças Armadas fizeram questão de validar protestos nas portas dos quartéis.

Nesse caminho, o bolsonarismo tende a fazer uma oposição política que transcende o governo eleito e põe em destaque aquele que foi forjado como seu principal inimigo: o Supremo Tribunal Federal. Os ataques à atuação da corte já se provaram capazes de manter apoiadores do presidente mobilizados, tanto nas ruas como no Congresso.

O método de Bolsonaro se mostrou inútil para governar o país. Produziu um desastre administrativo e fabricou a unificação de seus críticos. A agitação, no entanto, cumpriu uma função política que ele pretende transportar para a oposição.

Interessa agora a Bolsonaro fazer uma boa dose de pressão sobre Lula, renovar as cores de seu figurino antissistema e preservar o barulho entre seus apoiadores pelos próximos quatro anos. O objetivo não é apenas manter a relevância política do capitão, mas tornar um eventual retorno ao poder algo parecido com uma missão revolucionária.

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