Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu TSE

Bolsonaro adia 'dedazo' e tenta driblar perda de influência

Ex-presidente expõe aflição com sucessão e inventa 'bala de prata' para manter controle na direita

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O governador Tarcísio de Freitas "é um excelente gestor" e poderia até concorrer ao Planalto em 2026, mas Jair Bolsonaro "teria de conversar com ele" antes de bater o martelo. A ex-primeira-dama Michelle "pode sair candidata", mas não tem experiência para ser presidente e funcionaria melhor como cabo eleitoral.

À beira de uma condenação que pode tirá-lo da próxima corrida presidencial, Jair Bolsonaro faz zigue-zague para não ser atropelado na própria sucessão. Em entrevista a Mônica Bergamo, o ex-presidente se recusou a apontar um substituto na direita e mostrou que fará de tudo para adiar a definição desse nome.

Bolsonaro dá demonstrações claras do que parece ser uma de suas principais aflições diante do risco de inelegibilidade: o controle de seu campo político. O ex-presidente quer evitar a escolha precoce de um candidato porque, mesmo fora das urnas, pretende prolongar esse processo para exercer influência.

O rápido consenso formado entre líderes de direita em torno de Tarcísio incomoda Bolsonaro. O ex-presidente perderia poder caso o governador fosse ungido pelo centrão e passasse a seguir com as próprias pernas a trilha de uma candidatura.

O melhor cenário para Bolsonaro seria manter o comando das articulações políticas pela direita e, só mais à frente, desfechar o "dedazo" —gesto popularizado na política mexicana em que políticos faziam uma indicação inconteste de sucessores.

O recado dado por Bolsonaro é que ele não pretende passar o bastão agora, abrindo mão de poder cedo demais. Para manter o dedo no gatilho, o ex-presidente afirmou que tem uma "bala de prata" para 2026, com a ressalva quase infantil de que ainda não revelaria o plano.

Ninguém acredita que Bolsonaro tenha uma alternativa secreta e infalível para a próxima eleição presidencial. O ex-presidente só vai conseguir indicar um candidato de forma soberana se demonstrar um potencial de transferência de votos que ao menos se aproxime dos 58 milhões de votos que teve no ano passado.

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