Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Delação do caso Marielle oferece visita ao submundo das milícias

Para achar mandantes, investigação terá que ir fundo numa estrutura embrenhada em regiões inteiras do Rio

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A etapa mais recente da investigação das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes ajudou a completar o desenho da cena do crime, mas não foi só isso. A delação que detalhou a execução dos assassinatos também ofereceu uma visita ao submundo em que será preciso mergulhar para encerrar o caso.

O ex-PM Élcio Queiroz narrou com naturalidade a conexão entre os responsáveis pelos assassinatos e as atividades de milícias do Rio. Descontado o espírito de propaganda, foi isso que levou o ministro Flávio Dino a dizer que "é indiscutível" o vínculo entre esses grupos e as mortes.

Acusado de fazer os disparos, Ronnie Lessa aparece na delação como miliciano modelo. Também ex-policial, ele ganharia dinheiro com a exploração de máquinas caça-níqueis e de serviços ilegais de TV a cabo e internet. No chamado "gatonet", seria sócio do ex-bombeiro Suel, preso na segunda-feira (24) por suspeita de participação nas mortes.

O ex-policial preenche outro item do perfil: a disputa por terras na zona oeste do Rio. Segundo o delator, Lessa ajudou Suel a bloquear a ameaça de policiais de Rio das Pedras (foco da atuação de milícias) que queriam tomar dele "um terreno enorme".

O ex-bombeiro Maxwell Simoes Corrêa, o Suel, preso em operação na segunda-feira (24) que apura a morte de Marielle Franco, chega a Brasília - Adriano Machado/REUTERS

Os relatos de Élcio sugerem ainda que Lessa usava uma rede de policiais e ex-policiais para suas atividades. Um dos casos seria a origem da arma do crime, desviada no incêndio de um paiol do Bope. Outro seria o vazamento da operação em que os dois foram presos, em 2019.

Élcio contou que o assassinato teria sido encomendado por Edmilson de Oliveira, sargento aposentado da PM. Conhecido como Macalé, ele já foi identificado como chefe da milícia em Oswaldo Cruz, na zona norte.

A identificação de Macalé como intermediário deixou ainda mais nítida a impressão digital das milícias, mas também expôs um obstáculo, já que ele foi assassinado em 2021. Para seguir o fio dos mandantes, os investigadores terão que ir fundo numa estrutura embrenhada na sociedade, na economia e na política de regiões inteiras do Rio.

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