Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Lula tenta preservar antibolsonarismo como força política para 2026

Petista anda com imagem do antecessor no bolso apesar de inelegibilidade do rival

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Nas últimas semanas, Lula chamou Jair Bolsonaro de titica, gângster, genocida, golpista, insano e outros insultos. Dias atrás, o petista foi ao congresso da UNE e disse que os quatro anos do antecessor foram uma amostra do fascismo e do nazismo.

Lula anda com a imagem do ex-presidente no bolso. O petista mantém a artilharia contra Bolsonaro em palanques, eventos oficiais e entrevistas. Lança críticas diante de plateias dispostas a fazer coro, como estudantes e integrantes do MST, e tenta salgar terrenos em torno de empresários e governantes estrangeiros.

Bolsonaro está fora das próximas eleições, mas Lula quer preservar o antibolsonarismo como força e medir seus efeitos no próximo ciclo.

A rejeição a Bolsonaro ajudou Lula a alcançar uma maioria em 2022. Derrotar o capitão e barrar o sonho golpista renovaram o fôlego da militância de esquerda, atraíram eleitores distantes do PT e forjaram uma rede ampla de defesa da democracia.

A intensidade do antibolsonarismo foi proporcional à ameaça que o então presidente representava. O ponteiro se mexe com o passar do tempo, a inelegibilidade determinada pelo TSE e os planos da direita.

Ninguém deveria precisar da ajuda de Lula para julgar Bolsonaro, mas o petista reage a um processo natural de decantação. O Datafolha mostrou em junho que 57% dos brasileiros consideram que o governo do ex-presidente trouxe benefícios para o país (metade dos mais pobres e 64% dos brasileiros na faixa intermediária de renda pensam assim).

Além de refrescar a memória do eleitor, Lula quer testar a capacidade de transferência da rejeição de Bolsonaro para seus afilhados. Numa cerimônia do governo no início do mês, o presidente cobrou pressa na conclusão de uma obra e alertou para o risco de "outra coisa ruim voltar" após o fim de seu mandato.

Mesmo com a inelegibilidade, o antibolsonarismo é inevitável porque a direita depende de Bolsonaro em cena. Além da lembrança do capitão, seu alcance também será determinado pelo desempenho de Lula.

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