Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Instabilidade entre militares tem a marca dos generais da reserva

Conexões políticas e agitação golpista nos clubes militares são fatores de contaminação cruzada

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O principal fator de instabilidade representado pelos militares nos últimos anos estava dentro dos quartéis e nas reuniões de cúpula. Se existiu alguma dúvida sobre a ameaça de adesão a uma aventura golpista, esse risco vinha de comandos e tropas da ativa, que tinham armas nas mãos.

Gente interessada em passar a questão a limpo sabe que os laços desse problema são mais abrangentes. As conexões políticas da caserna, a doutrina que alimentava delírios de ruptura e o envolvimento direto em episódios de agitação golpista têm uma marca profunda de círculos influentes da reserva.

O assunto está nos radares do ministro da Defesa. Nos primeiros meses do governo, José Múcio fez um giro por quartéis na tentativa de pacificar relações e reduzir a contaminação da ativa. Agora, ele planeja incluir em suas viagens encontros com coronéis e generais da reserva nos clubes militares dos estados.

As confrarias da reserva costumam ser veículos das manifestações que militares da ativa, por força das regras, não podem fazer. São capazes de declarar apoio a candidatos em tempos de eleição, defender efusivamente e rotineiramente uma ditadura e fazer alarde sobre uma continuada ameaça comunista.

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Jair Bolsonaro durante comemoração do 73º aniversário da Brigada de Infantaria Paraquedista, em novembro de 2018 - Tercio Teixeira/Folhapress

Generais e coronéis da reserva deram respaldo técnico, ideológico e simbólico a Jair Bolsonaro em 2018. Depois, exerceram cargos de destaque em Brasília e alimentaram com frequência os desejos autoritários presentes no núcleo do governo.

Personagens como Augusto Heleno e Braga Netto ofereceram suas patentes para a intimidação institucional. Outros militares da reserva participaram da teia de golpismo que se formou após a eleição e se envolveram na agitação dos acampamentos em frente aos quartéis.

A contaminação cruzada é inevitável. Militares da reserva costumam preservar vínculos com o pessoal da ativa, e os mais graduados exercem influência inclusive sobre os atuais comandantes. Nenhum governo consegue mudar esse quadro com um bate-papo na hora do chá da tarde.

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