Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Equador exibe os sintomas agudos do narcopoder na América Latina

Fracasso de políticas de segurança e corrupção levaram a uma situação de equilíbrio entre facções fortalecidas e um Estado fraco

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No mês passado, 31 pessoas foram presas numa operação contra o crime organizado no Equador. Entre os alvos estavam juízes, promotores, policiais e um general que havia comandado o sistema penitenciário do país. Todos eram acusados de proteger um chefão do tráfico. A ação foi batizada de Metástase.

A crise da segurança no Equador exibe os sintomas mais agudos do fortalecimento do narcopoder na América Latina. Facções do tráfico se espalham por órgãos da estrutura do Estado, assumem o controle de territórios e postos estratégicos e, com certo desembaraço, usam o terror para desafiar autoridades.

Anos de fracasso de políticas de segurança e uma dose de corrupção permitiram que as quadrilhas equatorianas acumulassem poder econômico, arsenais, recursos humanos e capacidade de organização para coordenar os ataques registrados no país nos últimos dias.

Desde 2019, presidentes do Equador assinaram 40 decretos de estado de exceção para combater o crime organizado. A abordagem "mano dura" na segurança pode ter funcionado em campanhas eleitorais, mas foi ineficaz contra o que analistas classificam como uma situação de equilíbrio: facções cada vez mais poderosas e um Estado fraco.

Decisões pontuais como estados de exceção, militarização de ações de segurança e aumento de penas foram capazes de sufocar rebeliões em presídios ou interromper ondas de violência, mas só consolidaram o equilíbrio. A conclusão é dos pesquisadores Jorge Mantilla e Maria Fe Vallejo e da secretária de Segurança de Quito, Carolina Andrade, num artigo no Journal of Strategic Security.

Além da falta de uma política abrangente e de longo prazo para combater o crime e recuperar territórios dominados, as facções do tráfico se sentem ainda mais dispostas a disputar o poder e enfrentar as forças de segurança quando estão protegidas pela estrutura paralela que financiam dentro do Estado. Não há império da lei se os criminosos fazem parte da corte.

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