Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian
Descrição de chapéu Governo Lula greve

Há mais protestos em governos de esquerda ou de direita?

Necessidade e oportunidade podem ilustrar variação nos anos Lula e Bolsonaro

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Brasília

Num evento recente, Lula reconheceu que o governo enfrentava risco de greves e acrescentou: "A gente pode até não gostar, mas elas são um direito democrático dos trabalhadores". Dias depois, seguiu roteiro parecido. Disse estar empenhado numa reforma agrária "sem muita briga" e fez um reparo: "Isso sem querer pedir para ninguém deixar de brigar".

A ação de movimentos sociais e entidades de classe pode ser descrita como um produto de dois fatores: necessidade e oportunidade. A incidência de manifestações é maior quando há demandas que pressionam esse grupos e quando há abertura para que as reivindicações sejam feitas e levadas em conta.

Essas condições costumam determinar as circunstâncias em que movimentos têm atuação mais ou menos intensa em governos de esquerda ou de direita. Greves nas universidades e ações do MST no governo Lula, após quatro anos de Jair Bolsonaro, oferecem uma ilustração.

O presidente Lula (PT) em lançamento de programa para a reforma agrária - Gabriela Biló/Folhapress

De maneira geral, protestos de grupos de esquerda ocorrem com mais frequência durante governos de direita (e vice-versa). Quando a esquerda está na oposição, seu poder de ação nos canais políticos tradicionais é menor. Nessas situações, formas de pressão fora desses meios passam a ter um valor maior.

Exceções são praticamente a regra nestes tempos. Durante o governo Bolsonaro, a mobilização de movimentos de esquerda foi mais política e relativamente menos intensa nas reivindicações de classe. Como o ex-presidente desconsiderava esses atores e tornava muito mais baixa sua chance de sucesso, o grau de oportunidade também era menor.

No governo Lula, a ação tende a ser maior porque esses movimentos estão diante de um risco de repressão baixo e maior chance de sucesso, graças à simpatia do presidente por suas demandas. Protestar também têm mais valor porque, hoje, os grupos de esquerda ainda são minoritários em outros foros, como o Congresso, e o governo tem pouco dinheiro no cofre para implementar políticas que os beneficiam.

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