Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian
Descrição de chapéu São Paulo

As chances de Pablo Marçal na eleição para prefeito de São Paulo

Nas profundezas da campanha, dois movimentos simultâneos são capazes de tornar o ex-coach uma figura competitiva

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Sob o tumulto grosseiro produzido por Pablo Marçal, há um fio capaz de torná-lo uma figura competitiva na eleição de São Paulo. Nas profundezas da campanha, dois movimentos simultâneos podem levar sua candidatura longe: o esforço para deslocar Ricardo Nunes e a fabricação de rivalidades com Guilherme Boulos.

Marçal preparou o terreno à sua maneira. Ofereceu pirotecnia e ofensas bizarras como cartões de visitas, atraindo atenção num momento de relativo desinteresse com discussões áridas sobre a cidade. Formou uma base e criou confusão suficiente para que toda a disputa pareça um circo, reduzindo a desvantagem comparativa de sua insensatez.

Foi o impulso inicial. Antes dos primeiros debates, o ex-coach tinha 14% no Datafolha. Para chegar ao segundo turno, ele tenta ocupar terrenos cobiçados por Nunes e ultrapassar o prefeito, que aparecia com 23%.

Embora tenha a consistência ideológica de uma paçoca, Marçal procura um caminho pela direita. O flerte recíproco do ex-coach com o bolsonarismo ameaça a Nunes porque limita seu espaço de crescimento e amplia a crise de identidade de um prefeito que tem uma imagem pouco nítida na cabeça do eleitor.

O ex-coach Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, durante debate na Band - Bruno Santos/Folhapress

O risco que Marçal enfrenta é um potencial acúmulo de rejeição, tanto pela identificação com Bolsonaro como pelo próprio desequilíbrio. O ex-coach já alcançou uma taxa relativamente alta (30%) para um candidato que não é tão conhecido (62%).

Numa disputa em dois turnos, existe a chance de contornar o problema. Com a pista congestionada, seria possível avançar com menos de 30% dos votos. Daí por diante, um confronto direto reorganizaria os sentimentos de rejeição. Marçal espera usar uma plataforma agressiva contra a esquerda para enfrentar Boulos, que mostra fôlego duvidoso em simulações de segundo turno.

Marçal fisga eleitores como busca seus clientes, com a venda de ilusões e distrações baratas. Joga um jogo muito lucrativo para a banca e ruinoso para os demais. É um político destes tempos de tigrinhos e afins.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.