Caminhos da Inovação

Por Paulo Nussenzveig, pró-reitor de Pesquisa e Inovação da USP, e Raúl González Lima, pró-reitor adjunto, coluna examina casos que podem inspirar o Brasil a avançar no setor de inovação

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Caminhos da Inovação
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Inovação, universidade e sociedade

USP planeja oferecer espaços para pessoas, entidades e negócios interessados em inovar

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A entrada no século 21 nos trouxe a expectativa de aceleração do processo de transformação das nossas sociedades em sociedades do conhecimento. A ciência avançou ao longo do século 20 em ritmo avassalador, cada vez mais rapidamente, com novos conhecimentos e tecnologias impactando diretamente em nossas vidas. Em menos de cem anos, aprendemos a construir máquinas capazes de voo sustentado na atmosfera terrestre e iniciamos a exploração espacial. Hoje, sondas que lançamos nos anos 1970 transmitem informações inéditas dos limites do sistema solar.

À esquerda, Paulo Alberto Nussenzveig, pró-reitor de Pesquisa da USP (Universidade de São Paulo). Ele é um homem grisalho de óculos, vestido em paletó marinho, camisa branca e gravata azul, listrada. À direita,  Raul Gonzalez Lima, pró-reitor-adjunto de Pesquisa e Inovação, um homem de cabelo escuro e barba grisalha. Veste paletó chumbo, camisa azul e gravata vermelha.
À esquerda, Paulo Alberto Nussenzveig, pró-reitor de Pesquisa da USP (Universidade de São Paulo). À direita, Raul Gonzalez Lima, pró-reitor-adjunto de Pesquisa e Inovação - Marcos Santos/USP Imagens

O caminho para a prosperidade, no mundo contemporâneo, está intrinsecamente atrelado à geração de conhecimento e à sua apropriação, por amplos segmentos da sociedade, em benefício da sociedade. No Brasil, ainda temos um longo processo para nos adaptarmos plenamente a essa realidade, mas possuímos enorme potencial para adquirirmos relevância compatível com a importância de nosso país. Geração de conhecimento e sua apropriação pela sociedade constituem os pilares daquilo que entendemos como inovação. A palavra tem sido usada em tantos contextos, sem um claro entendimento de seu significado, que já sofre desgaste ou se presta a uma mistificação.

Na Universidade de São Paulo (USP), temos um entendimento abrangente: inovação é o processo que parte de um conjunto de ideias e resulta em impacto benéfico na sociedade, seja ele social, cultural, ambiental ou econômico. Universidades de referência mundial nessa área, como o Instituto Tecnológico de Massachussetts (MIT), por exemplo, entendem o termo de maneira similar. A percepção da necessidade de atuação vigorosa de universidades e institutos de pesquisa, em conjunto com instâncias governamentais e demais instituições públicas e privadas, que já é fortemente difundida em outros países, cresce mundo afora. Por aqui, ainda existem setores que não percebem a importância do engajamento da comunidade acadêmica na promoção da inovação.

Os exemplos mais citados das "capitais de inovação", como Boston (com MIT e Harvard), Vale do Silício (com Stanford e Berkeley), são admiráveis porém não constituem modelos fáceis de seguir. Nesses locais, uma grande combinação de fatores favoráveis levou ao desenvolvimento observado: universidades de excelência, fortemente conectadas ao setor empresarial e corporativo, apoio governamental, estabilidade de investimentos elevados em pesquisa científica de fronteira, formação de estudantes com mentalidade empreendedora etc. A vocação empreendedora e a cultura da inovação brotaram de maneira quase espontânea nesses locais, em ciclos virtuosos de realimentação entre geração e apropriação ampla de conhecimento pela sociedade.

Podemos buscar outros exemplos inspiradores, em que o sucesso na agenda de inovação tem sido construído às custas de muita transpiração, de visões que alimentam programas de estado, com a paciência necessária para manter uma rota de longo prazo, com a consciência de que os frutos virão, com certeza. O esforço empreendido na província de Ontário, no Canadá, foi emblemático. O governo da província, cuja população é inferior à população da cidade de São Paulo, desenhou um ambicioso programa, com a criação de dezoito centros de inovação, sempre em conjunto com as melhores instituições de educação superior. Em cada centro, a vocação econômica e cultural da região, combinada à excelência na geração de conhecimento acadêmico-científico, foi determinante para a escolha das atividades a serem priorizadas nos centros de inovação. A associação próxima e perene entre diferentes esferas de governo, federal, provincial e municipal, com o meio acadêmico universitário e com o setor privado tem rendido valiosos frutos, após duas décadas de persistentes esforços. A cidade de Toronto tornou-se, após vinte anos, uma das mais importantes capitais de inovação das Américas e do Mundo.

Não existe um receituário infalível de sucesso na agenda de inovação. Mas conhecemos ingredientes necessários que, se adequadamente combinados, pavimentam a estrada da prosperidade econômica e social. Para se constituir um ecossistema saudável, é necessário favorecer a criação conjunta, por vezes chamada co-criação, nos setores acadêmico, governamental, de empreendedores, de corporações e de capital de risco, de forma balanceada. A USP está em processo de destinação de espaços para favorecer essa atuação conjunta de diferentes "jogadores". Destacamos especialmente a iniciativa de plantar uma nova semente para florescer no ecossistema de um distrito de inovação no entorno de nosso campus no Butantã: um prédio em estágio avançado de construção, em que atuaremos junto com empresas nacionais e internacionais, órgãos de governo e diferentes parceiros públicos e privados. O "jogo" da inovação é inclusivo e determinante para um futuro de prosperidade. Conclamamos o restante da sociedade a entrar em campo e co-criar conosco!

Paulo Nussenzveig

Professor do Instituto de Física da USP

Raúl González Lima

Pró-reitor adjunto de Inovação da USP

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