Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Voto e políticas públicas

Medidas são fundamentais para assegurar sociedades prósperas e menos desiguais

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Escutamos, já há algum tempo, ofensas e desqualificações de adversários eleitorais ou de seus seguidores, ao invés de propostas de medidas concretas para promover um crescimento mais inclusivo e sustentável do país.

No caso de presidentes —ou de governadores— é natural que se considere também o que fizeram, ou deixaram de fazer em cada área de atuação e como foram seus atos, inclusive "atos de fala", como mencionava Carlos Matus, especialista chileno em planejamento governamental.

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Novo modelo de urna eletrônica, com aparelho mais alto, que começou a substituir o modelo antigo nas eleições de 2022 - Pedro Ladeira - 3.ago.22/Folhapress

Afinal, governa-se por iniciativas e por discursos que, mesmo que não resultem diretamente em ações, podem, nas palavras de Levitsky, incitar fiéis seguidores a fazer o que lhes é sugerido, eximindo o líder de responsabilidade.

Assim, evita-se discutir algo que está na essência de governos modernos, a formulação e implementação de políticas públicas, tão fundamentais para assegurar sociedades prósperas, justas e menos desiguais.

Ora, se o debate político se restringe a epítetos lançados contra oponentes ou inserção de figuras caricatas num não debate, não é necessário dizer o que se pretende, de fato, fazer ou comentar críticas ao que já se fez em diferentes políticas públicas, como na saúde, educação ou no combate às desigualdades e à pobreza.

E desta maneira, educamos, ou melhor, deseducamos as futuras gerações para um modelo de desconstrução de um país em que o ódio ao nordestino, à mulher ou ao homossexual é promovido por adultos infantilizados. Nesta lógica, podemos agredir a quem nos desagrada por integrar uma categoria de cidadãos deslegitimados.

Mas, afinal, o que se propõe para assegurar uma educação de qualidade para todos e que prepare os jovens para uma vida incerta num século em que máquinas destroem, em ondas sucessivas, postos de trabalho em grande velocidade, embora também novas ocupações apareçam, demandando, porém, habilidades bem mais complexas? Como prevenir e enfrentar, num país tão diverso, pandemias, sem tantas mortes?

Como assegurar a vacinação de crianças em um contexto de forte negacionismo científico operado por interesses políticos de momento? Como reduzir a desigualdade social que vem minando a coesão social e promovendo insegurança e captura de cidadãos a populismos de todos os tipos?

Esperemos que, após as eleições, possamos discutir desarmados, nos dois sentidos do termo, como se tentou fazer na educação com a importante iniciativa Educação Já, as políticas públicas que podem nos tirar desta triste noite escura em que estamos aprisionados. Afinal, temos um país a reconstruir, num mundo que se tornou complexo e potencialmente perigoso.

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