Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Claudio Bernardes

Concentração de pessoas e empresas favorece centros de inovação

Conclusão é de pesquisa realizada pelo Banco Mundial

É inquestionável que as cidades estão emergindo como centros de inovação tecnológica. A tendência global de crescimento do número de empresas voltadas à tecnologia está liderando o processo de transformação do emprego e do crescimento econômico. Esse movimento em direção à modernidade é vital para a manutenção da competitividade, com redução da pobreza e aumento de mecanismos que permitam o compartilhamento da prosperidade.

Resta entender o que faz com que a inovação e o empreendedorismo cresçam cada vez mais em algumas cidades.

Segundo relatório publicado pelo Banco Mundial baseado em pesquisa liderada por Victor Mulas, alguns fatores têm importância decisiva nesse processo.

De acordo com o documento, os ecossistemas de inovação tecnológica precisam ser entendidos como uma comunidade ou uma combinação de comunidades, onde a dimensão social é crítica. O escopo das políticas de apoio é a comunidade, definida por sua dimensão social e não área geográfica, por exemplo, um distrito ou parque tecnológico. A última parece ser uma ferramenta para o desenvolvimento de conexões sociais, mas ela não desenvolve essas ligações por si só.

Centro de Manhattan, em Nova York
Centro de Manhattan, em Nova York - Lucas Jackson/Reuters

Esses centros não só aumentam o número de start-ups nas cidades, como também incentivam a criação de novas empresas e categorias de emprego. Na cidade de Nova York, de acordo com o relatório do Banco Mundial, o setor de tecnologia ampliou a criação de empregos mais rapidamente do que qualquer outro setor, e representa 12% da receita fiscal da cidade. De 2006 a 2013, foram criados mais de 500 mil novos empregos.

No entanto, os ecossistemas não estão progredindo igualmente em todas as cidades. Algumas delas estão experimentando um crescimento maior, mais rápido e sustentável. A pesquisa sugere que a densidade de pessoas e empresas, além de efeitos de aglomeração, desempenha papel crítico nesse crescimento.

Parece haver uma correlação positiva entre o tamanho e a densidade da cidade com o crescimento orgânico dos centros de inovação, que tendem a emergir primeiro nas maiores cidades. No entanto, não está claro o motivo das diferenças na velocidade de desenvolvimento em algumas das maiores e mais densas cidades ou o porquê de algumas menores, como Manchester ou Helsinque, serem fortes nesse quesito.

Há ainda muito a compreender sobre a evolução desse modelo. Pesquisas estão em andamento para avaliar a distribuição geográfica de start-ups e seus impactos nas dimensões urbanas socioeconômicas. É também alvo dos estudos o impacto da infraestrutura e de outros fatores na localização e no desenvolvimento dos centros.

De qualquer forma, a ambiência adequada para um ecossistema de inovação nas cidades deve incluir talento, criatividade e diversidade de pessoas, além de uma robusta infraestrutura voltada aos transportes, à comunicação e às amenidades. Uma sólida rede de negócios e estruturação financeira serve como pano de fundo para políticas arrojadas de estímulo à inovação.

É importante que os estudos sobre esse moderno fenômeno sejam intensificados. Com isso, os formuladores de políticas econômicas poderão entender como apoiar o crescimento e a sustentabilidade dos ecossistemas urbanos de inovação tecnológica, e aumentar sua importância na criação de empregos e no desenvolvimento econômico.

Sem dúvida, esse será um cenário de extrema relevância na estrutura econômica das cidades do futuro. Vamos nos preparar para ele.

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